
Papirus na Mídia
Biblioteca de Conteúdos do Livro Papirus 70 anos
Guia de referência das matérias de imprensa e material de apoio ao conteúdo do livro. Textos organizados de acordo com a página em que aparecem no livro.
Revista Exame, maio, 1998
*José Roberto Caetano
Por quatro gerações, a família Ramenzoni, de São Paulo, seguiu um modelo tradicional na sucessão de seus negócios. O comando das empresas dos Ramenzoni, que já foram os maiores fabricantes de chapéus do país, era legado ao primogênito ou ao filho ungido pelo pai. E pode-se dizer que esse modelo deu certo. Os Ramenzoni, originários de Parma, no norte da Itália, se mantêm como industriais no Brasil há 104 anos, 78 dos quais estiveram ligados à fabricação de chapéus. Se a fórmula deu certo por um século, não seria boa também para os próximos 100 anos?
Não na opinião de Dante Ramenzoni, dono da Papirus, terceira maior fabricante nacional de papel duplex para embalagens. Dante procura um caminho inovador, um processo participativo, para integrar ao negócio seus três filhos – Eduardo, de 26 anos, Cláudio, de 32, e Marco Fábio, 34. “Seria fácil designar um filho para cada departamento, mas isso não garantiria o futuro da empresa”, afirma Dante. “O que estou tentando montar é um sistema de sucessão que tranquilize meus funcionários, meus filhos e a mim mesmo.”
Essa decisão implica priorizar a aptidão profissional e preservar a saúde da organização. “Meus filhos só ingressarão na empresa depois que estiverem preparados”, diz Dante. Segundo o consultor Oscar Motomura, da Amana-Key, especialista em gestão, essas preocupações transcendem o fato de a empresa ser familiar. “A natureza do problema sucessório é semelhante em qualquer tipo de organização”, diz Motomura. “Entre irmãos, acionistas ou grupos econômicos, a questão básica é de competência para tocar o negócio.”
A preocupação de Dante é evitar a ocorrência de rupturas no futuro da empresa – algo que já aconteceu na própria família. Dez anos atrás, EXAME publicou uma reportagem sobre a cisão do grupo Ramenzoni. Na ocasião, Dante e seu primo Roberto, que encabeçavam as principais funções executivas nas empresas Ramenzoni, resolveram separar-se. Roberto ficou com as gráficas do grupo. Dante levou a Papirus, empresa que a família fundara em 1952 para fabricar caixas para os chapéus então confeccionados pela Bantan Ramenzoni. Esta última, fundada pelo tio-avô de Dante em 1894, foi a origem do negócio familiar no Brasil e perdurou até 1972, quando o hábito de usar chapéus já estava praticamente extinto. Com a venda da confecção de chapéus, a família se concentrou no setor de papel.
Agora, no desenho de uma estratégia de sucessão, o que Dante quer é a criação de uma base para os próximos 100 anos capaz de proteger de ciladas – como a que poderia ter tragado a família se tivesse diversificado seus negócios e deixado os chapéus para trás. “Com o ânimo dos herdeiros, poderemos tocar novos projetos e ambicionar até a liderança do mercado”, afirma. No setor de papel duplex para embalagem, a Papirus, com faturamento previsto de 70 milhões de reais em 1998, tem pela frente a líder Suzano e a segunda colocada Ripasa.
Para os herdeiros Marco Fábio, Cláudio e Eduardo, a possibilidade de se incorporar à Papirus é, de certa maneira, uma novidade. Até janeiro de 1997, eles estavam excluídos da linha de sucessão por um acordo de acionistas. Dante partilhava o controle da Papirus com dois irmãos, e o acordo entre os três rezava que nenhum de seus oito filhos iria fazer parte da direção executiva da empresa. A regra para essa geração de herdeiros era ter de se virar fora da companhia. “Quando comprei a parte de meus irmãos na Papirus, essa regra deixou de fazer sentido para meus filhos”, diz Dante. “Comecei então a indagar se eles teriam interesse em participar da continuidade da empresa.” A resposta unânime foi sim. A partir daí a questão que se impôs à família foi: como?
O assunto passou a ser, desde o início do ano passado, debatido regularmente por pai e filhos. Para tanto, eles passaram a almoçar juntos toda sexta-feira. Os almoços às vezes não vão além de um bate-papo informal, como qualquer encontro de família. Mas, frequentemente, os “garotos” saem dos almoços com uma lição de casa para preparar. São sabatinados com questões e instigados a pensar em estratégias e planos de vida. “Faço sempre perguntas contundentes, para cutucar”, diz Dante.
Quando os almoços começaram, ele percebeu que o grupo precisaria encontrar um padrão comum de comunicação. “Vi que não falávamos exatamente a mesma linguagem”, diz. Havia não só a diferença de geração, de pai para filhos, como também diversidade de formação dos próprios irmãos.
O caçula Eduardo, solteiro, acaba de retomar um curso de economia que havia trancado no segundo ano. No início de abril, estava empenhado em repassar o ponto de uma loja de tapetes que tocou por pouco mais de um ano. Quer dedicar-se à Reciplac, um negócio de aglomerados para construção que aproveita sobras industriais de tetrapack. Com relação à sucessão da Papirus, Eduardo gosta da ideia de ter de provar sua capacidade. “Entro para ajudar e somar”, diz. Cláudio é casado, sem filhos. Chegou a iniciar um curso superior de publicidade, mas não o levou adiante. Ele sempre se interessou pela fabricação de papel, que conheceu na empresa da família. Desde 1991 tem um negócio ligado ao setor: a Papel Ecológico, uma recicladora de aparas de papel e revenda de cartão. Independentemente de vir a trabalhar na Papirus, acha que o processo que está vivendo com os irmãos está dando frutos. “Tem nos ajudado a aprender a ouvir e a colaborar uns com os outros”, diz.
Marco Fabio, o mais velho, é casado e pai de uma menina de 2 anos. Foi o mais dedicado aos estudos. Depois de se formar em Administração, foi para os Estados Unidos em 1987 fazer MBA na Northwestern University, em Boston. No dia 31 de março, desligou-se da Bahia Sul, após sete anos como executivo. “Vou ter de pesar bem”, afirma Marco Fabio a respeito das possibilidades que tem pela frente: continuar sua carreira de executivo ou trabalhar na empresa da família.
Uma ideia apresentada por Marco Fabio colaborou para uniformizar a linguagem dos quatro. Ele sugeriu que todos participassem de um curso de preparação de executivos da Amana-Key. Demorou cinco meses até que a agenda dos quatro pudesse ser conciliada para que fizessem juntos o curso, de nove dias com imersão total. Mas valeu a pena esperar. Depois de concluído o curso, em fevereiro, um dos principais ganhos foi justamente o fato de o terem frequentado juntos. A convivência nas atividades ajudou a harmonizar a linguagem, estabeleceu referenciais comuns sobre gestão e ainda melhorou a compreensão entre os quatro. “Foi uma grande sacada deles”, afirma Motomura. “Tiveram tempo para refletir sobre suas experiências e enriqueceram sua pauta com subsídios para o futuro.”
Além da uniformização do discurso, outro desafio para Dante é manter o equilíbrio de oportunidades para os três desenvolverem seu potencial. “A minha principal função é servir como vértice da pirâmide”, ele afirma. “Não interfiro, só os oriento para que se entendam.” Qual vai ser a forma de participação dos herdeiros quando esse processo se completar é algo que Dante não se arrisca a prever: “Obviamente tenho uma ideia, mas não posso externar”.
O certo é que todos terão de atravessar um ciclo de preparação que pode se estender por mais dois ou três anos. O processo incluirá estágios, para cada um deles, nos vários setores da empresa. Outro ponto importante sob cuidado é a integração com os executivos da Papirus. Para isso, o grupo se reúne semanalmente com os quatro gerentes da companhia. “Eles precisam se dar bem, pois uns vão precisar dos outros”, afirma Dante. Não é algo difícil, porque desde crianças Marco Fabio, Cláudio e Eduardo foram acostumados a conviver com os funcionários e a circular pela fábrica. Localizada em Limeira, no interior paulista, a Papirus emprega 450 pessoas, na produção de 6.000 toneladas mensais de papel.
Bem, tudo isso está em pauta porque Dante Ramenzoni estaria planejando se aposentar? Engenheiro industrial formado pelo Stevens Institute of Technology, de New Jersey, nos Estados Unidos, ele está no batente desde 1961. Mas, aos 59 anos, é contrário à ideia de parar. “Já pensei nisso há uns 10 anos”, diz Dante. “Hoje, acredito que ainda posso ser útil para minha empresa e meus filhos.” O que ele admite é passar para um conselho de administração, depois de definido seu sucessor. Restabelecido de uma cirurgia recente, Dante recebeu o.k. de seu médico para voltar a passear de moto, seu passatempo predileto. Tem três BMWs, uma Harley-Davidson e uma Honda Goldwin 1000. Em junho, ele dedicará 20 dias exclusivamente a seu hobby. Vai participar do encontro anual de Harley-Davidson nos Estados Unidos.
Revista Parceria Brasil-China, julho/agosto, 2003
*Marta Santos
Em virtude de uma economia em expansão, a China está abrindo as portas para as empresas brasileiras que buscam cada vez mais um espaço qualificado no mercado internacional. Não apenas as indústrias automobilísticas, as de agrobusiness, as siderúrgicas, mas também as indústrias de papel estão investindo nesse grande mercado.
A Papirus, a maior exportadora de papelcartão reciclado do Brasil e que possui uma das mais modernas tecnologias para a reciclagem de papéis, também está há um ano englobando o mercado chinês. Com capacidade produtiva para 90 mil toneladas por ano, fornece cartão para todo o território nacional e exporta aproximadamente 35% de sua produção para países da Europa, Ásia, África e América Latina, com destaque para o Mercosul.
A fatia exportada para a China é pequena em relação à sua produção. Em termos de volume, exporta, por meio do sistema via tranding, cerca de 4 mil toneladas por ano, equivalente a US$2 milhões. A Papirus está consciente de que a concorrência internacional é forte e, por ser o país mais populoso do mundo, não é fácil corresponder à demanda chinesa, o que o torna um mercado delicado e que precisa ser conquistado aos poucos. “A China é um nicho que pode ser muito bem explorado. Mesmo com a concorrência do próprio Japão, Coréia do Sul e da Europa, nós acreditamos na nossa capacidade profissional e qualitativa. Eu acho que vamos ter muito sucesso, mas esse sucesso precisa vir com calma, não adianta atropelarmos o andamento”, comenta o presidente da Papirus, Dante Ramenzoni.
Na visão de Ramenzoni, a China tem capacidade de absorver uma boa parcela de toda parte exportada. Ele comenta também que os chineses ainda têm uma certa insegurança em relação ao Brasil. “Só a China poderia comprar 30 mil toneladas. É óbvio que não podemos fazer isso, temos que começar exportando pouco, para realmente saber se eles gostam dos nossos produtos. Neste primeiro ano de trabalho eles gostaram muito. Tiveram algumas dúvidas, mas mandamos os nossos técnicos até lá. E aí que a CBCDE pode nos auxiliar e nos ensinar a lidar com o povo chinês para conseguirmos fazer uma exportação direta”, explica Ramenzoni. Estar associado à CBCDE é algo fundamental para as empresas que buscam se expandir nesse mercado. Ramenzoni fala com orgulho de ser um dos associados: “Foi uma das coisas mais importantes que a Papirus fez nos últimos anos, porque estamos desbravando um mercado novo, diferente e difícil. Conquistando uma amizade para fazer uma negociação direta”.
Com tanto otimismo em relação à China, o empresário vê além de uma exportação direta de cartão reciclado. A partir deste ano, ele sairá da presidência, passando para o seu filho, Marco Fábio Ramenzoni, de 38 anos, o comando da empresa Ramenzoni, descendente de italianos, está à frente da indústria desde os anos 70. Em seus planos inclui também um novo desafio, um novo negócio. Na Agropecuária.” Sou pecuarista há alguns anos e vejo muitas possibilidades de também fazer algumas exportações para a China nesse ramo e criar relações na área pecuarista, seja com os animais vivos, seja com o sêmen ou o abate”, empolga-se com a ideia.
Mesmo diante de um certo pessimismo em relação à economia brasileira, a Papirus está satisfeita e pretende aumentar a sua produção em 15% este ano. Otimista em relação ao novo Governo, as perspectivas para o segundo semestre são melhores. O primeiro semestre no mercado nacional foi difícil para a indústria de papel. Graças à qualidade e às exportações, a empresa não teve tanto prejuízo. “A nossa expectativa é aumentar a produção e continuar no mercado externo, que nos dá bastante estabilidade e valorização. É claro que não é muito saudável você exportar um total de 50% da sua produção, você tem que exportar no máximo 25%”, esclarece Ramenzoni. Isso se dá porque a indústria nacional necessita ter a sua estabilidade garantida no mercado interno.
Revista Celulose e Papel, número 74, dezembro, 2003
*Vanessa Cecilia da Silva
A Papirus Indústria de Papel S.A. – a terceira maior fabricante nacional de papelcartão (folding boxboard) do País – nasceu em 1952, pelas mãos da família Ramenzoni. A ideia de atuar no setor papeleiro, no entanto, surgiu de modo curioso. Perto da virada do século XIX, os Ramenzoni, vindos de Parma, cidade situada ao norte da Itália, imigraram para o Brasil em busca de oportunidades e de conquistas. E conseguiram. Em 1894, a família italiana inaugurou em São Paulo a Fábrica de Chapéos Dante Ramenzoni Ltda.
Com a dedicação e o árduo trabalho dos Ramenzoni, não demorou muito para a fábrica se transformar em uma indústria, passando a produzir em grande escala para a alta sociedade paulistana. Entusiasmados com o sucesso de vendas dos chapéus e a consolidação da empresa, ampliaram os negócios e investiram fortemente no segmento de confecções, passando a deter a marca das camisas Bantan, que mereceu destaque nas décadas de 50 e 60.
Passado mais de meio século da sua inauguração, a indústria continuava a todo vapor. Porém, com o crescimento acentuado das encomendas, passou a faltar matéria-prima para fazer as embalagens dos chapéus e das camisas. Esse foi o principal motivo pelo qual, em 1952, os Ramenzoni entraram no ramo papeleiro, adquirindo uma indústria de papelcartão, na cidade de Cordeirópolis, localiza-da no interior de São Paulo. Surpreendentemente, a produção excedente da fábrica, de alta qualidade, foi bem recebida pelo mercado. Era sinal de mais uma oportunidade para expandir os negócios, a definitiva.
No início dos anos 70, a família decidiu dedicar-se exclusivamente ao segmento papeleiro, que apresentava um grande potencial de mercado. Venderam a indústria de chapéus e a confecção e logo deram andamento às obras da nova fábrica, em Limeira, a 130 km da capital paulista, hoie área total de 544.570 m2 e construídas de 32.360 m2. Assim nascia a Papirus Indústria de Papel S.A.
Na década de 90, o grupo passou por uma reestruturação societária e, nesse período, investiu US$ 15 milhões em modernos equipamentos e instalações. Atualmente, o controle acionário total está em poder de seu presidente, Dante Emílio Ramenzoni.
A Papirus possui uma extensa linha de produtos, que engloba papelcartão, duplex, triplex e especial para congelados, cartelas blister e skin, atendendo os segmentos alimentício, de higiene e limpeza, o de cosmético, o farmacêutico e o eletrônico, entre outros.
Há cinco anos, a empresa vem investindo em modernização de gestão tecnológica. “Hoje, o produto reciclado tem reconhecimento no mundo todo. A Papirus é a única produtora brasileira de reciclado presente na Europa”, garante o superintendente da empresa, Antônio Cláudio Salce. Pioneira no desenvolvimento de tecnologia para a utilização de fibras recicladas, a empresa é uma das maiores consumidoras de aparas de todos os tipos e uma das principais exportadoras de papelcartão.
Em 2002, a produção de papelcartão no País alcançou 553 mil toneladas, um incremento de 10% em relação a 2001. A Papirus detém 12,6% desse mercado – em 2002, empresa expediu 68 mil toneladas, uma evolução de 3% sobre o total de 2001.
A Papirus, que tem capacidade produtiva da ordem de 80 mil toneladas/ano, fornece papelcartão para todo o território nacional e exporta praticamente um terço de sua produção para países do Mercosul e de todos os continentes. A exportação foi uma das alternativas encontradas pelas empresas do setor de papelcartão, nos últimos anos, para compensar a desaceleração do mercado nacional – as vendas externas, em 2002, chegaram a 100 mil toneladas, um crescimento de 14% sobre 2001. Desse total, a Papirus exportou 12 mil toneladas, contra 9 mil toneladas. “Nosso objetivo, até o final deste ano, é mantermos equilibrada nossa participação no mercado doméstico e elevarmos a exportação para 30 mil toneladas”, diz Salce.
A marca da empresa tem rodado uma boa parte do mundo. Hoje, por exemplo, a Papirus é credenciada internacionalmente para fornecer papel duplex e triplex para diversas aplicações, como para a confecção de embalagens de alimentos, cosméticos, brinquedos, artigos de higiene e limpeza e eletroeletrônicos, além de para encartes, capas de livros e cadernos e displays. “Tanto no mercado nacional como no internacional, o principal atrativo do papelcartão da Papirus é a sua relação custo/benefício, pois, além do excelente resultado visual, apresenta também ótimo desempenho até nas mais modernas e velozes máquinas de impressão, acabamento e envase automático” explica o superintendente.
Investimentos e mercado externo
Em 2002, a empresa aperfeiçoou os processos produtivos e os sistemas de gestão, capacitação de pessoal e seleção de matérias-primas. “Esses investimentos surtiram bons resultados: um crescimento da produtividade que chegou a 11%, orgulha-se Salce, que destaca que Papirus só utiliza recursos próprios”. O endividamento é zero e, até o final deste ano, serão investidos US$ 3 milhões na compra de novos equipamentos e na expansão e modernização da planta industrial.
Hoje, a Papirus detém a mais alta tecnologia em reciclagem de papéis, o que contribui significativamente para a redução do volume de papéis descartados em aterros municipais, que gira em torno de 5 mil toneladas/mês. “As aparas de papéis recicláveis utilizadas provêm de um descarte seletivo em gráficas, editoras, escritórios, supermercados etc. Além disso, o processo de preparação da massa envolve tratamentos físicos, químicos e biológicos visando garantir a qualidade e segurança dos nossos produtos”, explica Salce.
O ano de 2003 foi marcado por grandes mudanças no cenário econômico do País, que resultaram numa significativa retração de consumo. A Papirus compensou as perdas no mercado doméstico com o incremento das exportações. “Soma-se a isso as ações de gestão e muita dedicação de nossa equipe e o resultado foi uma boa geração de caixa. Registre-se também, que em 2003 não efetuamos redução em nosso quadro de colaboradores”.
Para o superintendente da empresa, as mudanças econômicas e políticas que aconteceram este ano e todos os indicadores apontam para uma significativa melhora em 2004. “Estamos otimistas, a ponto de já termos desengavetado os nossos projetos de expansão da capacidade produtiva. Continuaremos também a investir em treinamento, gestão e informatização do processo produtivo, visando ganhos de produtividade, melhoria da qualidade, rapidez nas informações e agilidade. Tudo isso focado nas necessidades dos nossos clientes”
Jornal Valor Econômico, 01/10/2003
*Maurício Capela – São Paulo
A estagnação da economia brasileira e a abertura de novos mercados revolucionaram o setor de papel cartão no Brasil, usado em embalagens de produtos congelados, sabões em pó e outros. As exportações subiram 73% nos oito primeiros meses de 2003 sobre igual período do ano passado, alcançando perto de 102 mil toneladas. Os dados são da Bracelpa, a entidade do setor. Mas o crescimento do período reflete uma decisão antiga. Em1996, por exemplo, o setor mandava 30 mil toneladas para fora do país. No ano passado, subiu para 100 mil toneladas.
A brasileira Papirus, com um faturamento bruto previsto de R$150 milhões para este ano e dona de uma fábrica em Limeira (SP), triplicou os seus embarques. Entre janeiro e agosto de 2002, a companhia vendeu 7 mil toneladas do produto, contra as 22,5 mil toneladas negociadas em igual período deste ano. Marco Fábio Ramenzoni, vice-presidente da Papirus, explica que o crescimento decorreu de um plano estratégico desenhado há três anos. “Investimentos em aumento de capacidade produtiva e em pessoal”, afirma. A Papirus aplicou US$2,5 milhões nos últimos três anos. O resultado foi um aumento de 36% na capacidade de produção, que é de 83 mil toneladas. A empresa não informou o valor gasto para montar a equipe.
Com o foco em papel cartão, empresa da família Ramenzoni apostou em novos mercados. Em 2002, os embarques seguiam apenas para o Mercosul e América Latina. Hoje, as áreas deverão responder por 50% das 34 mil toneladas que a empresa pretende mandar para fora do país em 2003. A outra metade ficará sob responsabilidade da Europa, Ásia e África. “Estamos prospectando a América do Norte”, afirma Ramenzoni.
A Suzano e a sua controlada Bahia Sul também têm uma boa participação nas exportações de papel cartão. Juntas, mandaram cerca de 45% dos seus embarques para a China, que foram de 42 mil toneladas entre janeiro e agosto de 2002. No acumulado até agosto, as empresas foram responsáveis por 51 mil toneladas das 102 mil toneladas exportadas.
Rogério Ziviani, diretor de negócios internacionais e logística da Suzano e da Bahia Sul, espera vender 80 mil toneladas no exterior em 2003. No ano passado, a empresa embarcou 58 mil toneladas. “A tonelada desse produto beira os US$ 790 fora do país”, afirma o executivo.
Mas não é só papel cartão que os dois grupos embarcam para outros países. No segmento de papel para imprimir e escrever, a Suzano e a Bahia Sul exportaram 74 mil toneladas no período, contra as 87 mil toneladas registradas entre janeiro e agosto do ano passado. Mas o mercado foi muito parecido nesse segmento. Registrou exportação de 164 mil toneladas, contra 168 mil toneladas.
Em papel cortado, que é o produto de imprimir e escrever usado em impressoras ou máquinas de fotocópias, a Suzano e a sua controlada exportaram 74 mil toneladas tanto em 2002, como em 2003. Já os embarques brasileiros saíram de 229 mil toneladas para 270 mil toneladas.
Revista O Papel, novembro, 2004
Uma empresa socialmente responsável é aquela que, além de garantir o bem-estar, o desenvolvimento social e econômico, a saúde e a consciência ambiental de seus colaboradores, leva parte desse desenvolvimento até à comunidade onde atua, com ações voluntárias e exemplos de cidadania. Além de acreditar na importância dessas ações, a Papirus Indústria de Papel S.A, de Limeira (SP), tem mostrado, de forma prática, que vem alicerçando o seu desenvolvimento e o de seus 405 colaboradores diretos nesse tipo de participação comunitária.
Sem deixar à margem a comunidade limeirense – em especial os segmentos mais carentes -, a Papirus criou o programa “Semeando o Futuro na Escola”, que consiste em promover oportunidades de reflexão sobre a importância da escolha profissional, para alunos do 3° ano do Ensino Médio. Trata-se de um exercício da cidadania, que oferece aos participantes a oportunidade de fazer escolhas profissionais mais conscientes e de acordo com suas aptidões. Além disso, dá oportunidade aos colaboradores da própria empresa de atuar como voluntários.
Segundo a coordenação do “Semeando para o Futuro na Escola”, o programa – que é uma extensão do “Semeando o Futuro”, realizado na Papirus em 2003 para os filhos de colaboradores – promove palestras para grupos de alunos. Nelas, são abordados temas como a importância de uma escolha profissional consciente e baseada nas aptidões e habilidades pessoais; as influências da família e do meio social quanto à escolha profissional; as principais dificuldades no momento dessa escolha; as competências comportamentais valorizadas pelo mercado de trabalho; e os cursos de nível técnico e superior disponibilizados na região.
A primeira instituição de ensino beneficiada pelo programa da Papirus foi a Escola Estadual de 1° e 2° Graus Professor Arlindo Silvestre, localizada no Parque Nossa Senhora das Dores, I Etapa, em Limeira, numa região bastante populosa. Baseados nos conceitos do Programa de Voluntariado da Papirus, Márcia Calixto e Liliane Tonello, da área de Desenvolvimento de Pessoal; Paulo Barreto, da área de Produção; Rodrigo Lima, da área de Relações Industriais; e Carolina Rocha, da área de Comunicação, colocaram em prática os objetivos da Responsabilidade Social constantemente valorizados pela empresa. “Foi uma oportunidade de esses jovens conhecerem um pouco mais sobre o mundo e as profissões”, afirmaram os voluntários da Papirus.
Na EEPSG Professor Arlindo Silvestre foram montadas três turmas no mês de setembro, beneficiando 208 alunos entre 16 e 20 anos, que atualmente cursam o 3° ano do Ensino Médio.
Complementação pedagógica
A coordenadora pedagógica da Escola Arlindo Silvestre, Adriana Helena Leal, revelou que, ao desenvolver na instituição uma parte do seu projeto social com palestras para os alunos do 3° ano do Ensino Médio – diurno e noturno -, teve a oportunidade de apresentar formas de encaminhamento dos alunos para o mercado de trabalho. “É com ações dessa natureza que conseguimos praticar, de fato, a cidadania”, ressaltou. Segundo Adriana, a Papirus foi uma das pioneiras a discutir com os alunos do Arlindo Silvestre assuntos relacionados ao mercado de trabalho, mostrando quais os pontos que uma empresa privilegia em um funcionário, quais os cursos técnicos existentes na cidade e as perspectivas de emprego para os tecnólogos, bem como a explanação dos cursos superiores do município. “Além disso, as palestras abordaram os problemas psicoemocionais que os indivíduos enfrentam nesse período de suas vidas, de forma clara e objetiva, com uma linguagem apropriada para os jovens alunos”, afirmou. “Com certeza, as palestras transformaram o modo de pensar e acalmaram os ânimos de todos eles”, concluiu Adriana.
Revista O Papel, 02 de fevereiro, 2006
Uma das pioneiras na tecnologia de produção de papelcartão com fibras recicladas no Brasil, a Papirus vem focando seu trabalho na matéria-prima virgem – celulose de fibra curta de eucalipto – e lança dois produtos no mercado: o Cromax e o Opera. O primeiro é produzido a partir de uma mistura de fibras recicladas, virgens e pastas de alto rendimento, e o segundo, apenas à base de fibras virgens branqueadas. “Adotamos a estratégia de ‘foco no cliente’, o que nos faz buscar novas tecnologias, superando as necessidades do mercado de embalagens”, avalia Patricia Gonçalves de Paula, gerente de Marketing da empresa.
Papelcartão duplex, o Cromax tem como características principais rigidez e bulk, com alta performance nos mais exigentes equipamentos de envase automático, indicado para embalagens de produtos farmacêuticos, alimentícios, de higiene e de limpeza. O Opera é ideal para embalagens de produtos cosméticos, higiene pessoal, impressão de capas de livros, material promocional, relatórios anuais e cartões comemorativos.
No portfólio da Papirus estão, ainda, as já consolidadas marcas Vitacarta (100% reciclado), duplex Cromaliner (de verso pardo, para embalagens de calçados, brinquedos, autopeças, eletroeletrônicos, lâmpadas, balas e gomas) e duplex Cromaprint (também de verso pardo, indicado para produtos alimentícios, higiene e limpeza, displays de balas e doces).
Por fim, a empresa dispõe dos triplex Cromabianco (indicado para embalagens de produtos alimentícios, farmacêuticos e higiene pessoal) e o TBB (próprio para produção de cartelas blister, com ótima qualidade para impressão de frente e verso e delaminação entre as camadas do papelcartão, garantindo a inviolabilidade da embalagem no ponto-de-venda).
Revista Marketing Industrial, edição 43, 2008
*Andréa Fortes
A construção de uma marca no universo do Marketing Industrial, ou na relação entre empresas, tem peculiaridades e circunstâncias únicas em relação ao universo do Marketing de Consumo. Não há como negar que há muito em comum no aparato de ferramentas e técnicas que temos à disposição, mas o que pretendemos abordar agora é justamente a sutileza do que é diferente nesse processo. Ao contrário de uma relação de venda para o consumidor final, no ambiente corporativo o processo de vendas é mais complexo. Isso porque entre outros fatores, há um componente de risco muito presente. Uma decisão equivocada pode gerar perdas enormes para a empresa. Além disso, os processos estão cada vez mais “commoditizados”, com ofertas aparentemente muito iguais. O papel da comunicação é o de facilitar essas relações. Como? Trabalhando para sinalizar atributos que diferenciem as ofertas e que confiram segurança para quem está comprando, numa relação de confiança.
Apesar da compra nesse ambiente ser fundamentalmente técnica, estamos tratando de relações humanas. E pessoas agem motivadas por razão + emoção. Muitas vezes, os fatores racionais servem apenas para legitimar uma escolha emocional. Como por exemplo, a preferência por um fornecedor mais próximo, mais disposto a oferecer soluções diferentes, ou mais comprometido. Fica difícil justificar uma compra com esses fatores. Mas eles estão lá, presentes o tempo todo. E quando falamos de razões emocionais, estamos falando de motivações. Chegar também no aspecto emocional daqueles que têm o poder decisório é um ponto fundamental para uma estratégia de comunicação. O caso aqui não é o de chegar em quem tem a decisão. mas de entender as motivações, no Foco Do cliente, de todos os que têm contato com a marca, que é construída em cada um desses contatos.
Identificar uma personalidade de marca no universo do Marketing Industrial exige planejamento, é algo que precisa estar fortemente amarrado às estratégias da empresa e demanda tempo. Não se constrói uma personalidade de marca a cada ano. É preciso olhar para dentro (para identificar o que a empresa tem que a diferencia de fato) e para fora (para entender como se da o processo decisório daqueles que influenciam/decidem em uma compra organizacional). Da junção desses dois elementos sai aquilo que é nato à empresa e, ao mesmo tempo, é relevante para o mercado. Uma vez definidos esses pontos, é chegada a hora de contar tudo isso. Aí começa a comunicação propriamente dita. De dentro para fora.
O case da Papirus, apresentado durante o 20o Fórum de Marketing Industrial, ilustra a identificação da personalidade de marca da empresa. Mesmo com 50 anos de mercado, a Papirus percebeu a importância de sinalizar ao mercado, com uma estratégia de comunicação atrelada ao seu planejamento, o que construiu ao longo dos últimos anos. A comunicação, nesse caso, nada mais é do que uma prestação de contas àqueles que acreditam na empresa, sinalizando uma nova fase e as boas perspectivas de futuro, com olhos na consolidação das relações com seus clientes.
Caso Papirus: “Transformamos Papel. Transformamos Vidas”
A Papirus foi fundada em 1952, quando a família Ramenzoni, com grande tradição na fabricação de chapéus (da marca Ramenzoni), decidiu produzir também a matéria-prima para seus produtos. Adquiriu então uma fábrica de papelcartão no interior de São Paulo, que, em poucos anos, tornou-se o principal negócio da família. Em 1972, construiu sua atual planta industrial, em Limeira (SP).
Hoje, a Papirus conta com cerca de 400 colaboradores e uma produção anual de 90 mil toneladas de papelcartão, que comercializa no Brasil e exporta para vários países. A empresa é pioneira na utilização de fibras recicladas, contando com uma linha de papéis, o Vita Carta, 100% reciclado, com pelo menos 50% de aparas pós-consumo (simplificadamente, a apara pós-consumo é fruto de uma embalagem de papel que passou pelas mãos do consumidor final e, posteriormente, foi separada pela coleta seletiva). Para garantir o fornecimento dessa matéria-prima, a Papirus realiza um trabalho intenso junto a cooperativas de catadores de lixo e centros de reciclagem.
Hoje, o principal desafio da empresa é consolidar seu espaço no mercado de papelcartão, reforçando sua personalidade e seus atributos únicos. Para isso busca um relacionamento ainda mais próximo com seus clientes, que gere valor para toda a cadeia da transformação do papel.
- Concepção e projeto
Em fevereiro de 2008, a Papirus iniciou um trabalho, a partir da identificação de sua personalidade de marca e da implementação de um novo processo de comunicação com seis públicos. Para começar, buscou entender seu contexto mercadológico, os principais agentes da cadeia produtiva (gráficas, end users, designers etc.) e suas motivações. A Papirus estava em busca do seu “Oceano Azul”.
Assim, foi realizada uma Leitura Externa, a partir de uma pesquisa qualitativa, e a Leitura Interna, com entrevistas em profundidade com pessoas-chave no relacionamento com os clientes.
Daí chegou-se aos atributos que formam a personalidade da marca Papirus:
- Flexibilidade: inovação, customização, soluções sob medida, uma linha que vai do 100% virgem ao 100% reciclado;
- DNA Transformador: presente desde a origem da empresa, que transforma aparas em papel, que por sua vez será transformado em embalagens e outras aplicações;
- Relações de Valor: parceria (no desenvolvimento de produtos, negociação, foco do cliente), confiança e responsabilidade social e ambiental.
Para apresentar esses atributos ao mercado entendeu-se que o negócio da Papirus não é fabricar papelcartão, e sim “transformar”. Transformar o material reciclado em papel, o trabalho das cooperativas de catadores em uma realidade melhor, o esforço do público interno em projetos de vida, as necessidades dos clientes em soluções de valor e, com isso, por menor que seja essa escala, ajudar a transformar o mundo em um lugar melhor para se viver.
Para sinalizar a nova fase da empresa, foi criada uma nova marca corporativa. Mais moderna, mas com o cuidado de não perder a identidade que acompanhou a empresa até os dias de hoje. Na nova marca, a cor laranja foi substituída pela verde, que lembra a vida e a preocupação social e ambiental da organização. E junto dela, o slogan: “Transformamos Papel. Transformamos Vidas”.
O ponto-chave da nova comunicação corporativa da Papirus passou pela redefinição de sua linha de produtos Aproveitando o produto VitaCarta, carro-chefe da empresa, com 100% de aparas recicladas, 50% pós-consumo, estendeu-se o radical “VITA” também para os demais produtos, para facilitar a identificação e simplificar o processo de escolha por parte dos clientes. Criou-se então a Linha “Vita”, com os seguintes produtos Vitacarta, Vitaliner, Vitaprint, Vitamax, Vitabianco e Vitasolid. O prefixo “Vita” foi adicionado a todos os produtos e os sufixos antigos foram mantidos, para melhor entendimento dos clientes (o antigo Cromax, por exemplo, passa à ser chamado de Vitamax).
Além disso, a Papirus reforçou seu compromisso com o mercado, adicionando um selo verde em seus produtos. Ao lado de cada linha fica fácil identificar, numa única passada de olhos, a quantidade de aparas utilizada no processo de produção de cada um dos papéis e, quando for o caso, quanto delas é fruto de pós- consumo. A gráfica, o end user (uma fábrica de cosméticos, por exemplo) e o consumidor final podem com isso, saber claramente o que estão consumindo e o quanto estão colaborando com o meio ambiente e com o aspecto social da cadeia produtiva.
- Continuidade do trabalho
Com as definições de personalidade de marca e linha de produtos tomadas, começou-se então o processo dito de comunicação propriamente. De dentro para fora. Antes de qualquer coisa, os talentos internos foram informados e alinhados em busca de comprometimento. Assim, foi realizada a Semana T de Transformação, com uma série de atividades.
Para colaboradores: coquetel para apresentação, pelo Presidente e demais diretores, do novo conceito. nos três turnos.
Para representantes e gestores comerciais: encontro em um hotel. Todos receberam mensagens-teaser (provocações) ao longo do dia. No final do turno, foi feita uma apresentação do novo conceito, dos desafios que a empresa precisa vencer e da importância de todos para o sucesso do projeto. Depois, um show de mágica. No final do encontro, um ritual de passagem: todos foram convidados a rasgar (e posteriormente reciclar) seus cartões de visitas, para que, a partir de então, só usassem os novos.
Para Pontos de Contato: durante a fase inicial do trabalho, foram identificadas as pessoas responsáveis pelos principais pontos de contato dos clientes com a empresa (da telefonista ao presidente). Para eles, foi realizada uma apresentação especial posterior.
Em paralelo a essas ações, estão sendo realizadas transformações na sinalização da fábrica e nas ferramentas de comunicação interna, uma forma de tomar mais tangíveis as mudanças estruturais e mercadológicas pelas quais a empresa está passando.
Feita as apresentações internas, iniciou-se o processo de comunicação com o mercado, através de um evento para clientes da empresa. Nele, foram apresentadas em primeira mão as diretrizes da Papirus e o que ficou entendido da personalidade da mesma, como forma de compartilhar tudo o que foi construído até o momento com aqueles que tem participação fundamental na construção da sua estratégia. No dia seguinte à apresentação para os clientes, o novo site da Papirus a estava no ar, apresentando o conceito, as linhas e trazendo conteúdo informativo e detalhado sobre o processo de produção, melhor utilização do papel reciclado etc.
Os próximos passos de comunicação com o mercado preveem visitas pessoais para apresentação da nova linha de produtos e ações de marketing direto.
O trabalho está em fase de implementação. As linhas de produtos serão substituídas aos poucos (respeitando os estoques atuais dos clientes). Os principais públicos já foram abordados e começam a assimilar a nova personalidade de marca. Os resultados ainda que embrionários, já começam a ser percebidos no comprometimento do público interno e nos feedbacks recebidos.
No próximo ano, o retorno dos esforços será novamente medido através de nova pesquisa e de indicadores relacionados com o desempenho do negócio.
Folha de São Paulo, 12/06/2015
*Galeno Lima
A “Viva Bem” é uma das cinco cooperativas na Grande São Paulo que são parceiras do programa de economia circular “Novo de novo”, na reciclagem de papel. Isso significa que uma das empresas responsáveis pela geração do resíduo reaproveita os detritos para a fabricação de novas embalagens, fechando o ciclo.
O programa foi criado pelo Grupo Pão de Açúcar no fim de 2008 e rebatizado em 2013 para ter maior abrangência. A empresa tem parceria com 61 cooperativas pelo Brasil. No ano que vem, o programa deve ser expandido para a área de reciclagem de plástico.
A “Viva Bem” fica na marginal Tietê, no bairro Vila Leopoldina, em um terreno cedido pela prefeitura. Existe há 13 anos, mas já esteve sediada em outros dois bairros. Segundo a fundadora, Maria Tereza Montenegro, a cooperativa trabalha com 11 caminhões, cedidos pela prefeitura, para o recolhimento do lixo.
Os cooperados chegam para trabalhar um pouco antes das 9h, horário em que a esteira começa a funcionar. É na esteira que os materiais são separados e colocados em sacos. Depois de separado, o material é levado para prensas.
Os blocos de material prensado são então pesados, e cada cooperado recebe de acordo com sua produtividade. Por causa disso, a renda mensal varia, mas cada cooperado consegue tirar pelo menos R$1200. A esteira para de funcionar às 17h.
“Se trabalhar muito mesmo, tem vezes que dá pra chegar perto dos R$2 mil”, explica Marcelo Rosa de Lima, 52, cooperado há mais de uma década. Ele, que chegou a morar na rua, disse que veio para a cooperativa após ver uma entrevista de Maria Tereza na TV.
No início, morou de favor na casa de amigos, e disse que não tinha coragem de entrar em contato com sua ex-mulher e seus quatro filhos. Ao longo dos anos conseguiu guardar algum dinheiro, e montou seu próprio barraco com sua nova esposa – que conheceu na própria comunidade, há sete anos.
Marcelo explica que ele próprio tinha preconceito com o trabalho, quando começou. Ao longo dos anos a cooperativa foi ganhando mais apoio do poder público. Há vestiários para os cooperados e um salão para refeições.
Apesar disso, há bastante lixo estocado na entrada, ao ar livre, fora do galpão onde o trabalho de separação acontece. E, como nem todo mundo separa o lixo como deveria, os resquícios de matéria orgânica ali presentes acabam atraindo ratos, por exemplo.
Segundo Maria Tereza, essa é uma das vantagens de se receber material reciclado dos supermercados: o lixo vem muito mais “limpo”. As pessoas que levam materiais para os centros de coleta têm uma consciência ecológica maior, e separam o lixo mais adequadamente do que quem recicla em casa. “Há alguns anos, cheguei a encontrar até cachorro morto no lixo”, lembra Marcelo Lima.
PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)
O PNRS, lei que entrou em vigor no ano passado, exige que as empresas tenham maior responsabilidade sobre o lixo que produzem, mas os acordos específicos estão sendo fechados pelo Ministério do Meio Ambiente com cada setor. O acordo setorial de embalagens, que deveria ter sido fechado em abril desse ano, ainda não foi assinado.
O Pão de Açúcar tem estações de coleta de lixo reciclável nos estacionamentos dos supermercados desde 2001, mas a preocupação efetiva em “fechar o ciclo” só ocorreu em 2008.
“A gente fez estudos com diferentes materiais – como plástico, vidro – para entender qual cadeia seria a mais simples, e percebemos que era a da celulose”, explica Aparecido Borghi, gerente de desenvolvimento de embalagens do grupo.
Desde o início do projeto, a empresa Papirus é a responsável pela compra do papel separado pelas cooperativas e pela fabricação das embalagens que utilizam o material reciclado. A empresa detém inclusive a tecnologia para reciclar as embalagens “longa vida”, que são compostas de 75% de celulose.
Estima-se que desde o início da parceria com as cooperativas cerca de 100 mil toneladas de lixo reciclável já tenham sido depositadas nas estações de coleta.
Desse total, 6,4% foram destinadas ao programa de economia circular e se transformaram em novas embalagens para as marcas Taeq e Qualitá.
Segundo Borghi, o programa ainda não foi ampliado por conta dos custos logísticos. A fábrica onde os materiais são reciclados precisa ficar relativamente próxima às cooperativas, sob pena de encarecer demais o produto, tornando-o economicamente inviável. A da Papirus, por exemplo, localiza-se na cidade de Limeira (SP).
Blog Casa da Sustentabilidade, 21 de setembro de 2015
Grupo Pão de Açúcar expande programa de reciclagem de embalagens, que passa a englobar todas as marcas próprias da rede.
A economia circular prova que o fechamento de um ciclo nem sempre significa o fim de tudo. Esse sistema mostra que o reaproveitamento constante dentro de uma cadeia de valor evita que os materiais acabem enterrados. O mecanismo consiste em amarrar os elos e transformá-los numa espiral: uma embalagem de cereal, comprada na prateleira do supermercado, é recolhida e levada a uma cooperativa de reciclagem, que faz a triagem e separa o papel para enviá-lo aos fabricantes de cartão. De lá, as folhas seguem para as gráficas, onde são recortadas para virarem novas embalagens e receberem o logotipo de outros produtos.
O circuito se fecha quando essa nova embalagem volta para as gôndolas. Com esse compromisso, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) criou o programa “Novo de Novo”. Expansão do “Ciclo Verde Taeq”, que teve início em 2008 e produzia duas em cada dez embalagens de papelão dos produtos da marca própria da rede varejista controlada pelo francês Casino, a nova proposta é fazer esse circuito girar com mais precisão. Rebatizar um projeto vencedor parece desculpa quando se quer esconder um erro.
No caso do GPA, foi o sucesso que exigiu a mudança. Além da Taeq, as outras marcas próprias do grupo, Qualitá e Finlandek, passam a fazer parte da iniciativa. Além de ampliar as marcas envolvidas, o Novo de Novo expande os tipos de material reaproveitados, incluindo embalagens plásticas e longa vida. “A intenção é chegar a dobrar esse índice, mantendo sempre a condição primordial de não onerar o produto”, afirma o gerente de embalagens Aparecido Borghi. O ciclo se alimenta da matéria-prima coletada nos postos de entrega voluntária de material reciclável, existentes desde 2001 na rede.
As Estações de Reciclagem estão presentes em mais de 260 lojas do Pão de Açúcar e do Extra. Todo material reunido nesses postos é doado para as cerca de 60 cooperativas cadastradas pelo GPA. Anualmente, são entregues 13,4 mil toneladas de papel, plástico, metal, vidro e óleo. Como incentivo ao projeto, os cooperados marcam presença ao lado das estações para explicar aos clientes dos supermercados sobre a importância da separação de resíduos. “É uma forma de educar o consumidor”, diz a gerente de sustentabilidade do grupo Laura Pires.
“Faz toda a diferença para nossos parceiros. Eles sempre dizem que os resíduos das nossas estações são de melhor qualidade que a média e, portanto, mais rentáveis.” Com a coleta seletiva sendo organizada em vários municípios, o GPA terá de lidar com uma concorrência saudável. Aprovada no Congresso em 2010, depois de 21 anos em discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) traz conceitos-base que já começam a pautar ações do governo, de empresas da sociedade, apesar da falta de definição para muitas normas.
Como a da logística reversa e da responsabilidade compartilhada, que definem fornecedores, fabricantes, importadores, vendedores e consumidores como responsáveis pela destinação ambientalmente correta dos resíduos que geram. “Tanto no eixo ambiental como no social, os programas do GPA estão alinhados com a PNRS desde o início, por promover o envolvimento de catadores e cooperativas no manejo dos resíduos sólidos”, comenta Eduardo Gianini, gerente de marketing da Papirus, parceira do GPA desde a formatação do Ciclo Verde, há seis anos. Pioneira em reciclagem de embalagem longa vida no Brasil, a Papirus expande seu trabalho com a nova versão do programa. Dessa vez, porém, ela não deve atuar sozinha na fabricação de papel cartão reciclado.
“Não podemos exigir que nossos produtores comprem embalagens de uma única empresa, por isso precisamos diversificar”, diz Borghi, do GPA. Quando o Casino assumiu o controle do Grupo Pão de Açúcar, no início do segundo semestre de 2012, havia dúvidas se os programas de sustentabilidade seriam mantidos, principalmente por ser uma bandeira da família Diniz dentro do negócio. Os projetos foram mantidos, ampliados e expandidos. A gestão de sustentabilidade ganhou força e passou a responder para a vice-presidência de recursos humanos. Até o fim de 2013 ela estava sob o guarda-chuva da área de marketing.
Fonte: Isto É Dinheiro
Revista Graphprint, setembro/outubro, 2018
De acordo com o site da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), por razões ambientais, econômicas e sociais, a reciclagem de resíduos sólidos é uma atividade crescente no Brasil. Segundo o Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre), comparado a outros países, o Brasil apresenta elevados índices de reciclagem e tem potencial de se desenvolver ainda mais nessa área.
Em 2017, o índice de recuperação de papel foi recorde de 66,2%, o que equivale a 5 milhões de toneladas que retornam ao processo produtivo. Notícia boa é que no Brasil 100% da produção de papel (incluindo os de embalagens) tem origem nas árvores plantadas, com ciclo de colheita e plantio anual, em um processo renovável e sustentável.
A indústria tem um histórico bastante positivo em logística reversa visando à redução de resíduos secos recicláveis nos aterros sanitários, com fortes investimentos em práticas sustentáveis, algo que impacta toda a cadeia produtiva, das florestas aos produtos acabados que chegam ao mercado.
A reciclagem envolve uma cadeia que começa na separação dos resíduos sólidos pelos cidadãos, passando pela coleta, triagem e preparação do material recolhido que, em seguida, é encaminhado à indústria para que seja transformado em nova matéria-prima. Sob o ponto de vista econômico, a atividade reduz os custos de produção, distribui riquezas e promove a recuperação de matérias-primas que serão novamente inseridas no ciclo de consumo.
Hoje, uma parcela da população brasileira é atendida por serviços municipais de coleta seletiva, e parte desses programas tem a participação de cooperativas de catadores. É importante salientar que a maior parte do material é encaminhado à indústria do segmento por meio do trabalho dos aparistas.
A reciclagem poderia ser ainda maior com políticas públicas de incentivo do governo, iniciativas empresariais, maior organização dos trabalhadores que recolhem os materiais e novas atitudes do consumidor.
Para aprofundar as contribuições para o desenvolvimento sustentável e colaborar com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) do governo federal, no que tange a sistemas de logística reversa de embalagens em geral, diversos setores da indústria brasileira com atividades afins, com a participação da Ibá, se uniram para elaborar uma proposta de acordo, na qual assumiram um compromisso voluntário de instituir um sistema de logística reversa para embalagens visando à redução de resíduos secos recicláveis.
A PNRS estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por parte da cadeia produtiva na gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos. Até 2031, a meta do governo federal é diminuir em 45% a fração seca destes resíduos dispostos em aterros.
O setor de árvores plantadas tem um histórico em logística reversa bastante positivo, com fortes investimentos em práticas sustentáveis, algo que impacta toda a cadeia produtiva, das florestas aos produtos acabados que chegam ao mercado. Prova disso é o alto índice de recuperação de papel, que atinge 56,6% do total de papel consumido no País passível de reciclagem, o que faz do Brasil um dos maiores recicladores de papel do mundo.
Vale lembrar que há um limite máximo de capacidade de reciclagem dos diferentes tipos de papel que depende de alguns fatores como: quantidade de vezes que a fibra poderá ser reciclada, a necessidade de adição de fibra virgem no processo de reciclagem assegurando padrões mínimos de qualidade, além do fato de que nem todo papel produzido retorna a cadeia, como por exemplo, livros, documentos e caixas utilizadas para guardar objetos.
Abrindo novos mercados
Gabriella Michelucci, diretora de Embalagens da Klabin, ressalta que a Klabin trabalha com duas fontes na produção de suas embalagens: papéis de fibra virgem e de fibras recicladas. “O papel é uma alternativa atual, sustentável, de fonte renovável e com todas as características que valorizam um produto, que tem um ciclo pronto”, diz.
Muitas embalagens que hoje são produzidas em outros materiais podem ser transferidas para embalagens de papel de fonte renovável. “O que o mercado valorizava ontem não é o que será valorizado daqui para frente pois o consumidor está presente nessa discussão e passou a exigir sustentabilidade nas embalagens dos produtos. Nossa prioridade é o desenvolvimento de produtos inovadores, associando embalagens de papel com barreiras advindas de fontes renováveis como uma alternativa às soluções atuais. As fibras, virgens ou recicladas, utilizadas na fabricação das embalagens de papelão ondulado definem sua utilização”, explica Gabriella.
A linha branca de eletrodomésticos é um exemplo de segmento que está retornando ao papel como embalagem. “A embalagem de papelão ondulado se adapta aos diferentes formatos do produto, às demandas por sustentabilidade e se adequa à criação de identificação do branding dos clientes, a partir de sua total customização”, destaca.
Amando Varella, diretor comercial da Papirus, aponta os mercados que podem ser atendidos: “Vários mercados podem utilizar papelcartão reciclado, farmacêuticos, alimentos, cosméticos, promocional, editorial, vestuário, e muitos outros”.
A executiva de inovação de embalagens da Ibema, Fabiane Staschower, detecta que mercados que sempre valorizaram apenas cartões fibras virgens – devido a baixa qualidade de alguns papéis reciclados, hoje já está se modificando e abrindo espaço para esse tipo de papel. “Mesmo porque a qualidade dos reciclados também está cada vez melhor. Além dos reciclados, novas aplicações em papel que podem substituir outras matérias-primas”, completa.
O combate ao plástico se torna aliado
Desde que foi instituído, em 1974, o Dia Mundial do Meio Ambiente se tornou a principal plataforma global para sensibilizar pes-soas, organizações e países sobre a proteção da natureza.
Este ano, com o tema #AcabeComAPoluiçãoPlástica, a data soma esforços à campanha #MaresLimpos da ONU Meio Ambiente para combater o lixo marinho e mobilizar todos os setores da sociedade global no enfrentamento deste problema – que se não for solucionado, poderá resultar em mais plástico do que peixes nos oceanos até 2050.
A poluição plástica é considerada uma das principais causas atuais de danos ao meio ambiente e à saúde. Mesmo assim, os números da produção e descarte incorreto deste material não param de crescer. Mais plástico foi produzido na última década do que em todo o século passado. Por ano, são consumidas até 5 trilhões de sacolas plásticas em todo o planeta.
A cada minuto, são compradas 1 milhão de garrafas plásticas e 90% da água engarrafada contêm microplásticos. Metade do plástico consumido pelos humanos é descartável (e evitável) e pelo menos 13 milhões de toneladas vão parar nos oceanos anualmente, prejudicando 600 espécies marinhas, das quais 15% estão ameaçadas de extinção.
Mais de 100 países já se uniram sob o slogan do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano e se comprometeram com atividades, como mutirões de limpeza de praias e florestas, e anúncios de políticas públicas voltadas ao descarte e consumo responsável do plástico. Para o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, este é um momento crucial para reverter a maré de poluição global. “Precisamos encontrar soluções melhores e mais rápidas do que nunca. Desistir não é uma opção para nós. Agora é a hora de agir juntos – independentemente da nossa idade – pelo bem do nosso planeta”, alertou.
Ao ser indagada se o combate ao uso do plástico, em diversos meios, já reflete positivamente no setor de papéis reciclados, Fabiane, da Ibema, é direta: “Essa demanda por papel reciclado já estava aparecendo, mesmo antes de todos essas campanhas contra o plástico. Esse combate intensificou a visão do papel como um todo, não apenas o reciclado.”
Para Juliana Gomes, gerente de Marketing da Ibema, o papel passou a ter mais força em relação aos outros materiais. “Especialmente pela facilidade de reciclagem e por ser produzido a partir de uma fonte renovável: as florestas plantadas”, completa.
Gabriella fala que há uma grande mudança no modelo de consumo da sociedade, que afeta toda a cadeia produtiva, passando por empresas e chegando ao consumidor final. A busca por embalagens mais leves, resistentes, sustentáveis e biodegradáveis muda a dinâmica do mercado.
“No Brasil, praticamente 70% das embalagens de papelão ondulado utilizam papel reciclado em sua composição. Com o objetivo de dar respostas ao novo cenário que demanda sustentabilidade em suas atividades e na entrega de seus produtos, as empresas estarão buscando cada vez mais o uso de papel em suas embalagens”, fala a executiva da Klabin.
O mercado não deixa de considerar e ponderar o efeito dos custos, o que altera o equilíbrio na concorrência entre embalagens feitas com outros materiais. “Entendemos que, com relação a embalagens primárias, a migração para embalagens de papel apresentará um movimento mais gradual, de desenvolvimento. Quanto às embalagens de transporte que ficam em contato direto com o produto, como é o caso de alimentos, cosméticos entre outros, a solução está pronta”, diz Gabriella acrescentando que há no Brasil uma procura forte pela substituição dos materiais descartáveis e que sejam poluentes ao meio ambiente.
“Percebemos que, diante desse cenário de consumo mais exigente, as expectativas para o setor de papel são positivas e a Klabin pode contribuir com embalagens de qualidade, que garantem práticas de consumo consciente, feitas com materiais reciclados e de fibra virgem. A Klabin é a maior produtora de papéis para embalagens no país e apoia o consumo consciente. Nossas embalagens fazem parte de uma cadeia inteira renovável, proveniente de matérias-primas naturais e renováveis”, conclui Gabriella.
Varella enfatiza que a imagem dos papéis reciclados tem mudado nos últimos anos. “O consumidor tem percebido o valor desse produto pelo impacto positivo tanto no meio ambiente como na sociedade com as cooperativas de catadores, que tem desempenhado um papel importante nesse processo”, comenta o diretor comercial da Papirus.
Novidades em prática
Varella apresenta o lançamento Vitaliner Novo que tem na sua composição 46% de aparas. “Um produto versátil que pode ser acoplado em ondulados de micro à onda B para os segmentos eletroeletrônicos, brinquedos, eletrodomésticos e calçados ou cartuchos leves como cosméticos, alimentos, higiene e limpeza”, enumera o diretor comercial da Papirus.
Gabriella frisa que o atendimento ao cliente feito pela Klabin é de maneira customizada. Isso significa que as embalagens que saem das fábricas são personalizadas de acordo com as necessidades de cada cliente. “Ainda assim temos avançado em nossas operações, especialmente dentro do e-commerce, setor que continua em crescimento e já temos diversos parceiros como marketplaces, indústrias de consumo e varejo, por exemplo. Recentemente, desenvolvemos junto com a startup Zissou, uma embalagem única e inovadora para seu produto, que é um colchão que chega ao cliente de forma compactada, ocupando um espaço muito menor do que as dimensões tradicionais, permitindo economia e eficiência especialmente com a logística do transporte”, informa.
Outro exemplo inovador, lembra Gabriella, é a fabricação de sacos industriais para grãos de café verde, totalmente reciclável e produzido a partir de recursos naturais renováveis. “Além de sustentáveis, essas embalagens permitem maior período de armazenamento e ainda conservam o aroma, o sabor e a qualidade original dos grãos”, garante.
Juliana diz que a Ibema pretende lançar ainda este ano um produto que contém aparas pós consumo, em breve.
Comportamento de mercado
Grande produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, a Klabin oferece ao mercado uma solução em celuloses de fibra curta, fibra longa e fluff. “É líder nos mercados de embalagens de papelão ondulado, sacos industriais e papelcartão. Uma das essências da companhia é o foco na produção de papéis para embalagem e a conversão em embalagens. Antigamente, as frutas, por exemplo, eram comercializadas a granel. Hoje em dia, elas chegam aos mercados já embaladas em caixas personalizadas feitas de pape-lão ondulado, como a manutenção da higiene e melhor preservação. Essa decisão está muito conectada à tendência que observamos nos mercados: aumento da demanda por produtos sustentáveis, força do e-commerce (pelo uso das caixas de papelão ondulado, por exemplo) e cartões destinados a food services e alimentos take-away”, relembra Gabriella.
É importante perceber que a forma como consumimos tem se transformado rápida e radicalmente. “O e-commerce é o maior expoente nesse sentido, mas temos muitos outros exemplos e tendências, como a demanda por embalagens mais leves, a otimização para o uso de espaços vazios, demanda por mais qualidade de impressão e personalização, com a possibilidade de reutilização, utilização de barreiras biodegradáveis (especialmente quando são envol-vidos produtos líquidos ou perecíveis) e mecanismos que facilitam a exposição do produto”, acrescenta a executiva da Klabin.
A Papirus vem com o Vitacarta – um produto 100% reciclado, sendo 30% pós-consumo, nas gramaturas 250, 300, 350 e 375g/m2. “Foi desenvolvido para atender os mercados exigentes, que buscam qualidade alinhada a responsabilidade socioambiental”, diz Varella. Fabiane cita o Ibema ArtPremium PCR – feito com fibras pós-consumo que mantém a brancura do cartão tríplex, tanto na capa quanto no verso. “Esse cartão é amplamente utilizado por uma multinacional do setor de cosméticos e higiene pessoal e uma grande empresa brasileira de cosméticos em algumas linhas de maquiagem”, conta.
Quais as estratégias da companhia para recolher a matéria-prima e transformá-la novamente em um produto reutilizável?
Papirus
“A Papirus reutiliza refugo de sua produção, trabalha com catadores cooperativados para fornecerem as aparas que vão para o proces-so produtivo do papelcartão, num importante projeto social, que gera benefícios para todas as partes. Além da recompra de aparas dos nossos clientes”, diz Varella.
Ibema
“Trabalhamos fortemente com uma consultoria que nos auxilia com o fechamento de ciclo dessa cadeia, no desenvolvimento e trei-namento de cooperativas de catadores para poderem separar os materiais adequadamente e se capacitarem a nos fornecer material reciclado, além da criação de futuras campanhas de incentivo de reciclagem vinculado ao novo produto com aparas pós-consumo”, fala Fabiane.
Klabin
“Dentro da trajetória de desenvolvimento de produtos de base biológica, principalmente de barreiras biodegradáveis para as embalagens de papel (especialmente para o uso em alimentos e líquidos), estamos contemplando a criação de produtos que atendam segmentos que ainda não disponham de opções de embalagens resistentes, leves e eficientes, que sejam ao mesmo tempo produzidas a partir de recursos naturais renováveis e recicláveis. Outro ponto importante que desenvolvemos na estratégia da Klabin é estimular trabalho e a formação de cooperativas para que participem desse processo de evolução sustentável da companhia. Utilizamos as aparas dos nossos próprios processos, juntamos às aparas de pós-consumo e produzimos o papel reciclado originado dessas fibras e que pode ser reciclado novamente. Acreditamos que a função de todos os produtos derivados de florestas plantadas – produzidos a partir da celulose e papel – é protagonizar esse movimento em que a sociedade valoriza a eficiência e a sustentabilidade. Naturalmente, a mobilização e o protagonismo do setor de papel e celulose contribuirá para acelerar e consolidar esse processo, dando as melhores respostas no alinhamento aos usos e costumes que se tornam um padrão mais confiável e consciente para o consumo do presente e do futuro”, comenta Gabriella.
Revista EM+, janeiro/fevereiro, 2018
Marca forte no imaginário do consumidor brasileiro com produtos consagrados que, ao longo dos anos, sempre registraram poucas mudanças em suas apresentações, a Pan tem se movimentado para revitalizar sua presença no mercado de chocolates. A estratégia é amparada por um projeto de melhoria dos produtos e das embalagens que promete ser amplo.
“A ousadia e a irreverência fazem parte do DNA da marca Pan desde a sua fundação, em 1935. e produtos como o Cigarrinho e as Moedas de Chocolate marcaram a infância de muitas gerações, explica Marina Gentil, diretora de marketing da fabricante de chocolate. “Essas características estavam adormecidas nos últimos anos, mas após uma mudança de gestão na empresa iniciamos um trabalho de resgate que será o norte do reposicionamento da nossa marca.
Um passo interessante para isso foi dado no Dia das Crianças de 2017, com o lançamento de uma embalagem simpática e bem planejada: o cartucho em formato de coruja para o item Petit Pan (chocolate ao leite coberto com granulados coloridos), primeiro produto da Família Drageados, que conta ainda com as variantes Passa (uvas passas cobertas com chocolate) e Psiu (bombom recheado com bala de goma).
O sucesso da coruja foi enorme, e já no Natal a mesma embalagem apareceu caracterizada de duende (para o item Psiu) e de Papai Noel (Passas). No início de 2018, mais uma metamorfose. A embalagem transformou-se em um coelho, que se juntou à coruja para estimular as vendas do chocolate com granulados Petit no período de Páscoa.
“Desde o início, a ideia era desenvolvemos uma embalagem que pudesse assumir múltiplas faces, para que estivesse presente em todas as datas comemorativas, e que ainda tivessem o apelo de ser colecionáveis”, detalha Marina. Com essa missão, aliada à demanda de melhorar a exposição nos pontos de venda e aumentar a atratividade do produto, a consultoria The Packaging Academy foi chamada para o projeto.
“Visitamos as linhas produtivas da Pan conversamos com as pessoas e buscamos entender as demandas da empresa, para então estabelecer as premissas do projeto”, conta Renato Larocca, diretor da consultoria, que foi quem trouxe a sugestão do conceito do cartucho em forma de coruja.” A ideia surgiu enquanto analisávamos formas de estimular a compra por impulso e de viabilizar a solicitação da Pan para que fossem incorporadas janelas de visualização. Criamos a coruja e aproveitamos o olho da ave mostrar o produto, com dimensões que garantissem a inviolabilidade da embalagem sem a necessidade de uso de plástico no vão.
O projeto não se restringiu a uma repaginação, e abrangeu todo o sistema de embalagem. “Os cartuchos anteriores eram fechados com fita adesiva, que substituímos por travas, e as novas embalagens ganharam fundo automático para acelerar o envase, que é manual”, explica Larocca. Essas duas medidas simples ajudaram a aumentar a eficiência em linha.
Para melhorar a exposição em gôndola, o novo cartucho tem dimensionais maiores, o que assegura mais estabilidade nas prateleiras. Para viabilizar o uso de gancheiras e aproveitar os pontos de check-out, foi também incorporada uma aba. “As embalagens anteriores seguiam padrões antigos. pois haviam sido desenvolvidas há décadas, pensadas para caber no bolso da camisa”, revela a diretora da Pan.
O diretor da consultoria The Packaging Academy que o desenvolvimento foi avaliado criteriosamente em todos os seus detalhes. “Olhamos o mercado, analisamos como os concorrentes se posicionavam, entendemos o que a Pan precisava e estudamos muito o sistema de embalagem deles para apresentar um mock-up da coruja no processo de inovação, explica Larocca. “O cliente adorou, e então desenvolvemos a planta técnica e a especificação de embalagem, e uma das agências que atendem a Pan foi encarregada do design gráfico que desse cores à coruja e às outras versões da embalagem, que usam a mesma faca.
O desenvolvimento da solução contou com o apoio da PapIrus, fabricante de papelcartão 250g/m2 em que os cartuchos são produzidos. Junto com a Pan e com a consultoria The Packaging Academy, a empresa participou de todas as fases do projeto, o que permitiu que se chegasse a uma solução que atendesse as demandas do marketinq com eficiência nas linhas produtivas e no processo de distribuição. E, naturalmente, com custos compatíveis com as metas do projeto.
Com a faca produzida e bem resolvida, o desafio da Pan, hoje e restringe-se a usar criatividade para explorar novas apresentações que reforcem os laços com os consumidores da marca. Mas essa embalagem é apenas um marco importante na transformação por que passa a Pan. Recentemente a empresa repaginou os flow packs da pipoca coberta com chocolate Pop Pan, que recebeu também uma versão em copo, e que hoje já é um dos itens mais vendidos da empresa. As Moedas de Chocolate, um ícone da empresa, acabam de receber roupa nova. “Estamos com muitas novidades, e outros lançamentos vão chegar ao mercado em breve”, comemora Marina Gentil.
Revista Graphprint, no 194, novembro/dezembro, 2019
A Papirus amplia a sua linha de produtos, simultaneamente à mudança de sua logomarca, com o objetivo de reforçar seu compromisso com a sustentabilidade. São produtos como o Vitacycle, produzido com 30% de material reciclado pós-consumo, e o Vitacopo, voltado à produção de copos de papel com resina, mais fáceis de reciclar, e que atende à demanda crescente de substituição dos copos de plástico. Com perspectiva de incrementar suas vendas em 9% em 2020 com os novos produtos, a Papirus também dá sequência ao seu plano de investimentos de R$ 25 milhões iniciado em 2017, a fim de ampliar sua capacidade produtiva e acelerar o processo de modernização dos equipamentos, com vistas à evolução da indústria 4.0.
“Mudamos nossa logomarca a fim de mostrar que a Papirus tem hoje tecnologia, conhecimento e um processo aberto e totalmente controlado de reciclagem, com um ciclo que vai de 100% de uso de papel reciclado até 100% de papel produzido a partir da fibra virgem. Somos uma empresa preparada para atender todas as demandas de papelcartão, cuidar de todo esse processo, inclusive da logística reversa”, destaca Amando Varella, diretor Comercial e Marketing da Papirus.
Outros dados
A Papirus produz anualmente 105 mil toneladas de papelcartão, utilizado na fabricação de embalagens de diversos setores, destacadamente da indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética, atendendo mais 200 clientes diretos em todo o País – gráficas e convertedores -, e os quais fornecem as embalagens para as grandes marcas. “Com a preocupação crescente sobre as questões ambientais, as grandes marcas buscam assegurar a sustentabilidade em todo o processo de fabricação de produtos, o que inclui as embalagens. E a Papirus se preparou para fazer isso de forma eficiente e completa, com capacidade de reaproveitar as embalagens e reduzir os resíduos”, destaca Varella.
Atualmente, 40% da produção de papel reciclado é feita a partir de aparas e 60%de fibra virgem, e a Papirus fornece produtos com diferentes graus de índice de reciclado, inclusive atuando até com 30% de papel pós-consumo, ou seja, papel usado que retorna diretamente para reciclagem por meio do sistema de logística reversa da empresa, amparado na atuação de cooperativas parceiras.
A linha de papelcartão de alta qualidade Vita ganha mais destaque no portfólio da Papirus, com o lançamento do Vitacycle – papel feito com 30% de material reciclado pós-consumo, além do reforço dos papéis Vitabarr, Vitablister, Vitaplus e Vitafreezer e o lançamento do Vitacopo. “É uma linha que se autoalimenta em termos de sustentabilidade, pois podemos reciclar os produtos fabricados com fibra virgem pela Papirus”, observa Varella.
Novo slogan e valores da Papirus
A designação Vita passa a compor o novo slogan “Papirus, Somos Vita”, em substituição ao anterior (Transformamos Papel. Transformamos Vidas), justamente para refletir os novos valores relacionados ao compromisso com a sustentabilidade, a flexibilidade para produzir papéis de acordo com a necessidade dos clientes e o DNA transformador.
“A filosofia da empresa de se reinventar e construir soluções em conjunto, que caracteriza sua atuação desde a fundação, ganhou ainda mais força com a mudança no modelo de gestão da Papirus. A empresa substituiu a figura do CEO pela gestão compartilhada de três diretores”, destaca Varella, ao explicar que isto garantiu mais autonomia nas áreas de responsabilidade dos três diretores, e ainda mais agilidade e eficiência. “Este é o quarto ano de gestão compartilhada, o que tem nos permitido colher bons resultados e avançar nas estratégias de relacionamento com os clientes, que é um grande diferencial da Papirus, desenvolvendo inovações em conjunto”, completa ele.
Revista Embanews, edição 357, dezembro de 2019
Nada melhor do que comemorar 125 anos com a plena capacidade de se reinventar. A Papirus, entre as maiores fabricantes de papelcartão do País, amplia a sua linha de produtos e simultaneamente renova sua logomarca, com o objetivo de reforçar seu compromisso com a sustentabilidade.
A empresa completou 125 anos este ano. sempre com o DNA da família Ramenzoni. Ela começou como uma fábrica de chapéus e desde 1952, se recriou como Papirus. “O que marca a história da Papirus ao longo destes anos é a sua capacidade de se reinventar, sua coragem para empreender, que a mantém atuante e inovadora no presente”, afirmou Dante Ramenzoni, que lidera a empresa há 47 anos, em cerimônia realizada em São Paulo para anunciar as novidades.
A ampliação da linha de papelcartão Vita agrega novos tipos de papéis ao seu portfólio. São produtos como o Vitacycle, produzido com 30% de material reciclado pós-consumo, e o Vitacopo, voltado à produção de copos de papel com resina, mais fáceis de reciclar, e que atende à demanda crescente por copos mais sustentáveis. A linha conta ainda com o reforço dos papéis Vitabarr, Vitablister, Vitaplus e Vitafreezer.
A logomarca da Papirus também foi modernizada, uma evolução da logomarca anterior, transformando-se no símbolo do infinito, que remete à tecnologia e sustentabilidade. “Mudamos nossa logomarca a fim de mostrar que a Papirus tem hoje tecnologia, conhecimento e um processo aberto e totalmente controlado de reciclagem, com um ciclo que vai de 100% de uso de papel reciclado até 100% de papel produzido a partir da fibra virgem. Somos uma empresa preparada para atender todas as demandas de papelcartão, cuidar de todo esse processo, inclusive da logística reversa”, afirma Amando Varella, diretor Comercial e Marketing da Papirus.
A designação Vita passa a compor o novo slogan Papirus. Somos Vita em substituição ao anterior (Transformamos Papel. Transformamos Vidas), justamente para refletir os novos valores relacionados ao compromisso com a sustentabilidade, a flexibilidade para produzir papéis de acordo com a necessidade dos clientes e o DNA transformador.
Atualmente, 40% da produção de papel da Papirus é feita a partir de aparas e 60% de fibra virgem e a Papirus fornece produtos com diferentes graus de índice de reciclado, inclusive o novo Vitacycle, contendo 30% de papel pós-consumo, ou seja, papel usado que retorna diretamente para reciclagem por meio do sistema de logística reversa da empresa, amparado na atuação de cooperativas parceiras.
A perspectiva da Papirus é de incrementar suas vendas em 9% em 2020 com os novos produtos e dar sequência ao seu plano de investimentos de R$25 milhões iniciado em 2017.
Os investimentos visam aumentar sua capacidade produtiva, que hoje é de 105 mil toneladas de papelcartão por ano e acelerar o processo de modernização dos equipamentos, com vistas à evolução da indústria 4.0. Há três anos, a empresa também deu start a seu processo de liderança compartilhada entre três gestores: Amando Varella, diretor comercial e marketing: Antonio Pupim, diretor industrial e Rubens Martins Filho, diretor administrativo e financeiro.
Jornal Valor Econômico, 18/02/2021
*Stella Fontes
Tradicional fabricante brasileira de papel cartão usado em embalagens do tipo cartucho, a paulista Papirus decidiu seguir adiante com um investimento de R$ 30 milhões, entre 2021 e 2022, para ampliar em mais de 10% a capacidade produtiva na fábrica de Limeira (SP). A expansão, porém, não será suficiente para atender à crescente demanda de embalagens de papel no médio e longo prazos e a empresa já trabalha em um novo projeto, que pode englobar a construção de mais uma máquina de cartão e terá foco em uso de fibra reciclada e economia circular.
Parte dos recursos virá de empréstimos bancários e outra parte, via Finame. Com o investimento, a capacidade de produção subirá de 110 mil toneladas no ano passado para 123 mil toneladas por ano em 2022. Antes disso, a fábrica já deverá ter condições de produzir 115 mil toneladas anuais mediante uma primeira rodada de ajustes.
A parada para manutenção que permitirá esse incremento intermediário tem sido adiada desde janeiro, por causa da demanda aquecida. A previsão mais recente é que o evento ocorra entre o fim de abril e o início de maio, por causa dos contratos já renegociados com fornecedores, embora a expectativa seja de continuidade do cenário positivo ao menos até junho.
O plano de investimento de curto prazo é embalado pelo desempenho positivo dos negócios apesar da pandemia de covid-19, que num primeiro momento levou justamente ao adiamento do projeto de R$ 30 milhões. Com vendas mais fortes que o esperado no primeiro semestre, resultado de uma estratégia que combinou aumento das exportações entre março e abril e depois foco no mercado doméstico, o conselho de administração sentiu-se confortável para aprovar a liberação dos recursos, conta o diretor comercial e de Marketing e co CEO da Papirus, Amando Varella.
A saída temporária da China do mercado global de cartões, por causa do “lockdown” naquele país, abriu oportunidades de exportação em um momento de forte recuo da demanda doméstica. Assim, se em 2019 as vendas domésticas absorveram 93% da produção da Papirus, as exportações chegaram a responder por 45% do volume produzido entre abril e maio de 2020 – permitindo à empresa capturar também o aumento dos preços internacionais em dólar e a desvalorização do real.
A reação da demanda doméstico no fim do segundo trimestre, reflexo da desestocagem ao longo da cadeia de cartões e do crescimento de segmentos que usam embalagens feitas com esse tipo de papel, como o delivery de alimentos, manteve o ritmo de negócios no segundo semestre e a Papirus encerrou 2020 com receita bruta de R$ 487 milhões, alta de 12% frente a 2019.
Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (lbá), que representa os fabricantes de papéis e celulose no país, a demanda de cartão alcançou 630 mil toneladas em 2020, alta de 6,4% ante 2019, frente a crescimento médio de 0,9% nos anos anteriores. Na Papirus, a melhora de desempenho veio combinada a redução da dívida de curto prazo, também contribuindo para a aprovação do investimento. Em dezembro, esses compromissos somavam R$ 8 milhões, contra R$ 34 milhões um ano antes.
Para 2021, a previsão é de novo crescimento no faturamento da Papirus, para R$ 538 milhões. O mercado interno, afirma Varella, segue comprador e a empresa tem estendido prazos de entrega nas exportações para atender aos clientes locais, inclusive porque as margens são melhores do que na exportação. “Há uma impressão de escassez de embalagens de cartão porque os estoques de segurança ainda não foram recompostos e isso deve continuar nos próximos meses. Mas não há risco de desabastecimento por falta de embalagem”, diz.
O aumento dos custos de produção, decorrente da valorização das aparas e da celulose e do impacto da desvalorização cambial nos insumos, levaram a empresa a anunciar, no fim do ano passado, reajuste entre 8% e 10%. Tradicionalmente, as fabricantes de cartões trabalham com reajuste anual e é incomum que haja aumentos intermediários. Mas se os insumos permanecerem em ascensão, uma nova rodada não está descartada, diz o executivo.
O projeto de longo prazo é mais ambicioso, mas ainda não há definição de escala. O que está claro é que o crescimento se dará com valorização da reciclagem e da economia circular. “Nossa aposta é que o mercado vai valorizar cada vez mais o uso dos resíduos de papel”, afirma Varella. A empresa já utiliza uma combinação de fibra reciclada (aparas) e fibra virgem em seus produtos e tem trabalhado para validar a cadeia de coleta de resíduos pré e pós-consumo. A ambição é permitir que, no futuro, por meio de um QR Code nas embalagens o consumidor acesse informações sobre o papel utilizado.
Revista O Papel, maio, 2021
Em fevereiro último, a Papirus anunciou um investimento de mais de R$ 30 milhões voltado à expansão da capacidade produtiva da fábrica localizada em Limeira-SP. O objetivo da fabricante de papelcartão é atingir o patamar de 123 mil toneladas/ano, comparativamente à capacidade fabril atual de 110 mil toneladas/ano até 2022.
“Trata-se de uma decisão estratégica que independe da conjuntura atual. Ela está alinhada à posição sólida que a companhia alcançou a partir do planejamento estratégico realizado em 2018”, informa Amando Varella, co-CEO e diretor de Marketing e Comercial da empresa, ao falar sobre o projeto que inclui a ampliação da produção e o lançamento de produtos inovadores para atender às novas tendências de consumo.
O plano de expansão é composto por duas etapas. Esta primeira, que reflete o investimento na ampliação de capacidade até o ano que vem, contempla a aquisição de novos equipamentos e a promoção de melhorias em todas as áreas relacionadas ao processo produtivo. “Isto inclui o uso de tecnologia para melhorar a preparação e o aproveitamento da fibra reciclada; incrementos nas áreas de secagem, conversão, acabamento e logística, com tecnologia para melhorar a operação de expedição, além dos investimentos direcionados a etapa de tratamento de efluentes”, descreve Varella, ao justificar que as melhorias permitirão à empresa explorar integralmente a capacidade atual da unidade fabril. “A fábrica tem potencial para crescer 12% a partir de investimentos, tanto na produção quanto nas áreas de apoio. Antes de atingirmos as 123 mil toneladas anuais almejadas, devemos ter condições de produzir 115 mil toneladas anuais mediante uma primeira rodada de ajustes”, completa.
Atualmente, a Papirus já cumpriu 30% do cronograma previsto até 2022. “Não teremos uma startup do projeto como um todo e tampouco haverá necessidade de passarmos um período de aprendizado, pois a expansão já é parte do processo. As melhorias serão integradas à operação à medida que forem concluídas, em microcronogramas por área”, esclarece Antonio Pupim, co-CEO e diretor Industrial e Supply Chain, com o detalhamento desta fase do projeto.
A primeira fase do investimento também inclui a ampliação da estrutura logística, a partir da expansão das áreas de armazenagem de produto acabado e expedição. De qualquer forma, destaca Pupim, a Papirus já conta com uma estrutura logística privilegiada e bastante atualizada, com um fluxo lógico e linear, em que todas as etapas do processo são estabelecidas de forma sequencial. “Além disso, temos o privilégio de estar ao lado do Rio Piracicaba, o que nos dá capacidade, no caso da construção de uma nova planta na mesma área, para interligar os efluentes e tratamento de água entre elas”, diz sobre as possibilidades que pautarão as próximas decisões.
A segunda fase do plano está em processo de definição atualmente e deve correr em paralelo aos incrementos tecnológicos já definidos. “Ela pode significar a construção de uma nova unidade, a ampliação da atual, a aquisição de alguma empresa ou até mesmo o ingresso em um novo negócio. Seja qual for a opção, nosso crescimento se dará com o objetivo de valorizar as aparas pós-industrial e pós-consumo. Vamos ampliar a nossa capacidade de atender à demanda por produtos mais sustentáveis, fabricados a partir da mistura da celulose virgem com fibra reciclada”, adianta Varella.
De acordo com Rubens Martins, co-CEO e diretor de Finanças e RH da Papirus, o investimento na expansão da capacidade a ser realizado até 2022, previsto em R$ 30 milhões, conta com recursos próprios e financiados. Já as fontes dos recursos para a próxima etapa de expansão ainda serão definidas. “Contaremos com parte de recursos próprios, e devemos também buscar recursos junto ao BNDES e/ou outras instituições. Definir a questão do financiamento é uma das tarefas que integrará os estudos sobre essa nova etapa de expansão, estudos estes que também trarão projeções sobre o retorno do investimento e que estamos iniciando, com a contratação de uma consultoria especializada para nos auxiliar nesse sentido.”
Avaliando os impactos que a atual conjuntura econômica e política do País acarretam à concretização de investimentos privados, Martins reconhece que o baixo crescimento do PIB tem reflexos em todas as atividades econômicas. “Mesmo naquelas em que há espaço para crescer, por conta de novas demandas nos setores já atendidos, demandas de novos setores ou de setores ligados a atividades essenciais, como é o caso de alimentos, bebidas e medicamentos, o cenário de retração econômica também impede um nível maior de crescimento e retarda alguns projetos de investimento. Sem o crescimento da economia como um todo, sem dúvida, limita-se o potencial de crescimento, além de gerar transtornos em questões como gestão de preços”, pontua.
Empresas como a Papirus, contudo, têm potencial para se situar em uma posição mais favorável em uma conjuntura adversa, tanto por fatores intrínsecos ao negócio como pelas estratégias que coloca em prática.
Entre as frentes estratégicas adotadas para driblar os desafios atuais e crescer de maneira sustentável, Martins cita a manutenção de um bom balanceamento entre as vendas para o mercado interno e externo, direcionando um maior ou menor volume para cada mercado, de acordo com a conjuntura específica de cada um – sem deixar de privilegiar o mercado interno e cuidar para que não falte produto aos clientes locais. “Desta forma conseguimos, por um lado, minimizar o impacto de um cenário mais recessivo internamente e, por outro, aproveitar as oportunidades no mercado externo, inclusive em momentos de desvalorização do real”, justifica o co-CEO e diretor de Finanças e RH da empresa.
Segmento de papelcartão segue aquecido
Direcionando o olhar aos impactos que a pandemia do coronavírus acarretou à economia, Varella informa que, apesar dos reflexos negativos em alguns setores, segmento de papelcartão conseguiu fechar 2020 com crescimento de 6,4%. “Após o impacto inicial registrado no primeiro semestre de 2020, as vendas se recuperaram, por conta da recomposição dos estoques e do aumento da demanda em setores como alimentação, medicamentos e produtos de higiene pessoal.”
Segundo o co-CEO e diretor de Marketing e Comercial da Papirus, a empresa também apresentou um resultado positivo no ano passado, registrando uma receita bruta de R$ 487 milhões, com um crescimento de 12% em relação ao exercício de 2019 e elevação de 9% nas vendas na comparação com 2019.
O balanço positivo é creditado à boa distribuição das vendas entre o mercado interno e externo, como citado. “Neste último, ampliamos a presença em diversos países, graças a esforços comerciais realizados anteriormente, e que nos permitiram aproveitar o período de valorização do dólar”, contextualiza Varella.
No mercado interno, a Papirus aproveitou o bom momento de produtos recém–lançados, alinhados às novas demandas dos consumidores, e que se fortaleceram com algumas tendências disparadas pela pandemia, a exemplo da busca por embalagens mais sustentáveis e recicláveis e do aumento das vendas de e-commerce e de sistemas de delivery e fast-food.
Entre os desenvolvimentos recentes estão embalagens que possuem estruturas adequadas e revestimento extra de proteção para alimentos e bebidas, alto nível de resistência à gordura e diversos tipos de gramaturas e formatos. “São produtos como o Vitacopo, o Vitabarr e o Vitafreezer, que integram a linha Vita e são destinados à fabricação de bandejas e embalagens sustentáveis de alimentos e bebidas para os segmentos de copos, delivery, fast–food e frozen-food. O Vitacopo, por exemplo, é um papelcartão sólido, feito com 100% de fibras virgens, com estruturas adequadas para copos e embalagens como potes e bandejas para líquidos e alimentos. Já o Vitabarr, feito com 95% de fibras virgens, é ideal para a fabricação de bandejas e embalagens com alto nível de resistência à gordura, enquanto o Vitafreezer é uma solução adequada para garantir a conservação dos produtos resfriados e congelados, feito com 15% de aparas recicladas e 3% pós-consumo”, detalha Varella.
O executivo ressalta que a Papirus desponta como a empresa nacional com o maior índice de material reciclado utilizado na fabricação de papelcartão. “Desenvolvemos produtos inovadores para que os end users possam oferecer embalagens mais sustentáveis aos consumidores. Portanto, essa preocupação com a reciclagem das embalagens, que se acentuou com a pandemia, também nos favorece”, diz, frisando que tais tendências deverão permanecer após a superação do período pandêmico, sustentando a demanda pelos produtos desenvolvidos recentemente e por todo o portfólio fabricado pela empresa.
A fim de ampliar a própria capacidade de captação de aparas e de reciclagem, a Papirus lançou um projeto inovador de geração de crédito de reciclagem, em parceria com a cleantech Pólen. “Trata-se de um projeto de ampliação da produção a partir de papel pós-consumo, que hoje ainda tem uma participação pequena comparativamente ao uso de aparas pós-industrial. Isto nos dará um diferencial competitivo muito grande, pois permitirá organizar e catalogar a origem dos materiais de reciclagem recebido das cooperativas, e inclusive assegurar a rastreabilidade dos produtos”, revela Varella sobre o aspecto de grande valor para os end users, que precisam comprovar a destinação correta das embalagens – como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “A ampliação deverá ter um impacto positivo já no curto prazo, considerando que o mercado pressiona, cada vez mais, por produtos sustentáveis e também por certificar esses processos”, completa o executivo.
Expandindo a avaliação ao contexto atual que envolve o segmento de papelcartão, Varella informa que o mercado sinaliza uma recomposição gradual de estoques nos clientes, sem risco de falta de produtos, já que a indústria tem capacidade para atender à demanda, mesmo em ritmo de retomada – expectativa que também deve marcar o período de melhoria econômica após o controle da covid-19. “As nossas projeções para 2021 incluem um crescimento de mais 10% e o alcance de uma receita de R$ 538 milhões”, prospecta o executivo.
O resultado obtido no ano passado, bem como a projeção de crescimento para este ano, deve-se a outros fatores, além da linha de produtos voltados aos mercados que estão em crescimento hoje. O reposicionamento da marca desponta como um destes fatores. Em 2019, a Papirus adotou o slogan “Papirus, Somos Vita”, justamente para refletir os novos valores relacionados ao compromisso com a sustentabilidade, a flexibilidade para produzir papéis de acordo com a necessidade dos clientes e o DNA transformador. “O reposicionamento reafirma nosso compromisso com a sustentabilidade e mostra que a Papirus tem hoje tecnologia, conhecimento e um processo aberto e totalmente controlado de reciclagem, com um ciclo que vai de 100% de uso de papel reciclado até 100% de papel produzido a partir da fibra virgem. Somos uma empresa preparada para atender a todas as demandas de papelcartão e cuidar de todo esse processo, inclusive da logística reversa”, destaca Varella.
O engajamento das equipes apresenta-se como mais um fator contribuinte dos bons resultados registrados. Martins, co-CEO e diretor de Finanças e RH da Papirus, ressalta que a Papirus promove e realiza uma série de programas de qualificação e treinamento, de acordo com a evolução das tecnologias que adota. Além dos programas de atualização tecnológica dos colaboradores, a empresa mantém um programa de incentivo a graduação, pós-graduação e especialização.
Gestão compartilhada: visões múltiplas constroem valores únicos
A atuação da Papirus baseia-se em três pilares estratégicos: Pessoas, Processo e Negócio – todos interligados à sustentabilidade, conceito que permeia as ações e está integrado à visão da empresa sobre quem é, como atua e qual futuro deseja.
No que compete ao pilar Pessoas, explica Amando Varella, co–CEO e diretor de Marketing e Comercial, a empresa tem uma visão inovadora que se expressa no modelo de gestão compartilhada. “A liderança da Papirus hoje é compartilhada por três co-CEOs, um modelo que tem garantido uma dinâmica muito positiva, com cada um aportando sua visão sobre suas áreas especificamente e sobre o conjunto, a fim de orientar a companhia e as diversas áreas para os mesmos objetivos e valores.”
Também detalhando como a gestão compartilhada acontece na prática, Rubens Martins, co-CEO e diretor de Finanças e RH da Papirus, afirma que ela está calcada na tomada de decisões democráticas, em equipe, em que todos dão suas ideias e são protagonistas. “É um processo de construção coletivo, que tem dado resultados muito positivos sob todos os aspectos da gestão da companhia”, garante ele.
Varella sublinha que essa visão conjunta prioriza as pessoas como principal ativo. “Temos um plano bem estruturado, tanto para desenvolver competências como para dar oportunidade para os nossos profissionais avançarem em suas carreiras. É dentro do nosso quadro de colaboradores que formamos as novas lideranças que vão atuar alinhadas a esses princípios”, comenta sobre a rotina praticada.
Já o pilar de Negócios forma um tripé composto por Cliente, Ser viços e Produtos, três pontos intrinsicamente conectados. “Não somos uma empresa que vende apenas papelcartão para diversos segmentos. Somos uma parceira dos nossos clientes, que entende as suas necessidades e a partir daí desenvolve produtos inovadores e customizados, que também permitirão a ele inovar e atender às novas demandas do mercado com soluções inéditas e inteligentes”, define o co-CEO e diretor de Marketing e Comercial.
Ainda detalhando a parceria que estabelece com os clientes, Varella sublinha que a oferta de serviços é outro ponto fundamental da atuação da Papirus. “Ajudamos no desenvolvimento e nos desafios que os clientes têm à frente na gestão do seu negócio. São ações que potencializam a relação com clientes estratégicos e que nos movem rumo à diversificação do portfólio, ao investimento na ampliação da capacidade e ao foco na sustentabilidade, na reciclagem e na economia circular.”
Partindo para o pilar Processo, Martins aponta que a Papirus vem avançando na implantação dos sistemas da Indústria 4.0, incorporando novas tecnologias e preparando os colaboradores para que estejam atualizados tecnologicamente. “Em termos da operação de fábrica, diversas áreas já contam com as tecnologias 4.0”, conta. “Estamos instalando scanners cujo trabalho é todo monitorado por computador. Tais equipamentos identificam as características do papel, lendo dados sobre gramatura, perfil e revestimento, e realizando os ajustes necessários automaticamente. Também temos motores que enviam as informações diretamente para o sistema central, conectados por meio da Internet das Coisas (IoT)”, cita alguns exemplos, ponderando que a ideia não é preparar os colaboradores para exercer múltiplas funções, mas sim para assumirem novos cargos e funções.
Jornal Valor Econômico, 2 de abril, 2021
*Stella Fontes
Uma das grandes fabricantes brasileiras de papel cartão, a Papirus aderiu ao mercado de créditos de reciclagem, que cresce aceleradamente no país. Com o objetivo de incentivar a economia circular, a empresa foi a primeira em seu segmento a integrar a plataforma da “cleantech” Pólen, entrando em um universo cujo funcionamento é similar ao de créditos de carbono – empresas que geram resíduos, nesse caso embalagens, podem compensar o lixo colocado no ambiente a partir dos créditos de reciclagem-, que pode ser auditado e deriva da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
“É um círculo virtuoso”, diz o copresidente e diretor comercial e marketing da Papirus, Amando Varella. Por meio da plataforma da Pólen, as aparas de papel compradas de cooperativas, e usadas pela empresa na produção de cartões que levam fibras de papel pós-consumo, darão origem a créditos de reciclagem. Esses créditos, então, serão fornecidos pela Papirus aos grandes fabricantes de bens de consumo, que têm de cumprir a PNRS e comprovar que no mínimo 22% das embalagens usadas em seus produtos foram recicladas.
Na prática, a Papirus comprará das cooperativas os direitos sobre determinado volume de papel coletado, que será reutilizado por ela, e os revenderá a clientes que demandarem o cartão Vitacycle, feito com 30% de fibra reciclada pós-consumo. Cooperativas, Papirus e clientes, além do meio ambiente, ganham com o sistema. A Papirus utiliza principalmente aparas de papel pós-industrial em seu portfólio e o material pós-consumo, que é proveniente da coleta de embalagens usadas e descartadas, tem participação menor.
“Ao fornecer o Vitacycle, vamos oferecer junto o crédito de reciclagem, incentivando a economia circular”, explica Varella. Por mês, a empresa poderá gerar créditos equivalentes a 60 toneladas se a produção do Vitacycle alcançar 200 toneladas. E a tendência é que esse volume cresça à medida que a demanda pelo cartão com fibra reciclada e o percentual de material reciclado na composição final avancem – a Papirus tem planos de ir além dos 30% de hoje.
Conforme o executivo, a Pólen é uma das cleantechs que vão trabalhar com a empresa nesse projeto e terá a exclusividade sobre a geração dos créditos de reciclagem. “Estamos procurando outras startups para fortalecer a atuação nessa área”, diz, lembrando que as cooperativas têm de ser treinadas e auditadas para participar do sistema.
A Pólen, que gera os créditos por meio de um sistema de “blockchain”, faz a certificação do processo e garante a rastreabilidade do material reciclado. Com cerca de 800 empresas que geram esse material já catalogadas, foi escolhida pela Papirus porque seu sistema é carbono neutro.
Além de proporcionar às grandes marcas de bens de consumo o atendimento às regras de logística reversa da PNRS, a adesão ao sistema de créditos traz transparência à cadeia da reciclagem, afirma o co-presidente e diretor industrial e de cadeia de suprimentos da Papirus, Antonio Pupim. As embalagens produzidas dentro do sistema de créditos levarão o selo Pólen e poderão fornecer ao consumidor final, por meio de QR Code, informações sobre a origem da fibra utilizada no cartão e percentual de material reciclado, entre outros dados de sustentabilidade. “Na verdade, esse projeto atende aos três pilares do ESG”, afirma o gerente de desenvolvimento de produtos da empresa, Christian Króes.
Jornal O Estado de São Paulo, 3 de maio, 2021
*Renée Pereira
Num mundo cada vez mais digital e com uma sociedade mais consciente, as agendas de sustentabilidade e inovação viraram questão de sobrevivência para as empresas. Mas enquanto as companhias de capital aberto já entenderam a nova realidade para atender às demandas de clientes, credores e investidores, os grupos familiares ainda patinam em alguns temas, como as questões ambientais e sociais. A maioria priorizou a agenda de digitalização em detrimento das ações de sustentabilidade.
Uma pesquisa mundial feita pela consultoria PwC, e que inclui 282 empresas no Brasil, mostra que apenas 6% das companhias do País têm como meta reduzir a pegada de carbono nos próximos dois anos e só 7% vão ampliar investimentos para apoiar as comunidades locais.
“Vemos que as empresas familiares ainda têm um caminho importante a seguir nas práticas de ESG (sigla em inglês para ações nas áreas ambiental, social e de governança), que viraram um dos principais pontos avaliados pelos stakeholders (partes interessadas e afetadas em um negócio)”, diz o sócio da PwC Brasil Carlos Mendonça, líder de Empresas Familiares na consultoria.
No cenário atual, diz ele, é natural que o investimento em novas tecnologias ganhe mais relevância, uma vez que os recursos digitais têm sido fundamentais para operar na pandemia. “Foi uma questão de sobrevivência para muitas empresas, que deixaram o ESG para trás.”
De acordo com a pesquisa, a digitalização é a segunda maior prioridade das empresas, atrás apenas da expansão de mercado e produtos. Cerca de 58% delas querem aumentar o uso de novas tecnologias em suas estruturas e 53% pretendem melhorar o processo de digitalização nos próximos dois anos.
Mas, na avaliação de Mendonça, a estratégia de atrasar a agenda ESG pode custar caro para as corporações. Cada vez mais investidores e financiadores priorizam empresas com melhores práticas para colocar seu dinheiro. Isso significa, por exemplo, comprometer recursos importantes para a expansão da empresa. “É preciso entender que essa também é uma questão de sobrevivência.”
Entre os especialistas, é quase consenso que, quem aderir primeiro a essa agenda, terá mais vantagens no mercado. Apesar de a maioria não enxergar os benefícios, algumas empresas já despertaram para o assunto. É o caso da indústria de papelcartão Papirus,
que tem adotado medidas para ajudar na expansão da companhia, fundada em 1952. Atualmente, a empresa está fazendo um investimento de R$ 30 milhões para ampliar a produção de 110 mil toneladas para 123 mil toneladas por ano.
“Mas nosso potencial de crescimento é maior. Então, já pensamos na necessidade de nova ampliação”, afirma o diretor Comercial e Marketing, Amando Varella, copresidente da Papirus. Para a empreitada, eles estão buscando possíveis investidores que queiram aportar recursos na empresa. Por isso, Varella sabe da importância de ter unia agenda sustentável consistente. “O ESG é uma obrigação para o negócio se desenvolver.”
A empresa sempre contribuiu para a economia circular como recicladora de papel e também com um trabalho relevante com as cooperativas de catadores. Por causa da informalidade, às vezes era difícil até comprar o material por falta de matéria-prima. Para contornar esses problemas, a empresa decidiu se associar à cleantech Pólen -plataforma especializada em solução e valoração de resíduos.
Com isso, a Papirus passa a ter condições de certificar e catalogar informações sobre a rastreabilidade e origem dos materiais reciclados recebidos das cooperativas e de outras fontes e transformá-los em créditos de reciclagem. Esses créditos serão transferidos para os fabricantes de grandes marcas de consumo, que assim poderão atestar seu compromisso com a sustentabilidade e a destinação correta das embalagens, como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Certificação B
A holding da família Baumgart- dona do Shopping Center Norte e da Vedacit – também tem procurado dar mais atenção ao assunto, que ganhou um comitê para discutir temas e projetos voltados à estratégia, sustentabilidade e inovação. Segundo o presidente do grupo, Otto Baumgart, a empresa tem se empenhado para conseguir a certificação B -um selo dado a companhias que adotam medidas mais inclusivas, equitativas e regenerativas. “Para isso, focamos esforços no tratamento de efluentes, na redução da pegada de carbono e no uso de energia limpa.”
Na avaliação de Carlos Mendonça, da PwC, daqui para frente as empresas familiares vão sofrer uma pressão muito grande para se adequar às melhores práticas do mercado. “O primeiro passo é incluir o tema como prioridade. E nesse ponto a nova geração, que tem unia cabeça mais aberta, pode ajudar bastante com soluções sustentáveis e inovadoras.”
A presidente da Scaffold Educatio e presidente do conselho da Family Business Network Brazil (FBN), Sara Hughes, concorda. “Esse é o momento de trocar aprendizados. As pessoas estão vivendo mais e hoje vemos 2 a 3 gerações trabalhando juntas e com muita informação para trocar.”
Stefani Kummel é uni exemplo dessa troca de experiências. Aos 33 anos, ela é casada com um dos sócios do Moinho Arapongas. Desde 2019, Stefani tem conseguido implementar uma série de ações sustentáveis na empresa. “Antes, não separávamos o lixo da fazenda.
Hoje, 90% do que ia para o aterro agora é reciclado”, conta. Outro projeto implementado por ela foi o de energia solar. “Antes, tinha medo de levar uma ideia nova e não ser ouvida pelos fundadores. Vi que não tem fácil nem difícil. Tem apenas a melhor maneira de fazer algo.”
O professor da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda afirma que tem percebido o movimento de jovens puxando a agenda ESG nas empresas familiares. “Mas isso ainda não é regra.” Ele destaca que algumas empresas têm buscado na digitalização uma tentativa para implementar programas de ESG. “ESG é um fim e inovação é um meio.”
Jornal Valor Econômico, 7 de junho, 2021
*Ana Luiza Mahlmeister
A tecnologia aliada à economia circular aumenta a transparência na gestão de resíduos, no combate à informalidade e regularização de postos de trabalho, diminuindo o descarte em locais indevidos como os aterros. O uso do blockchain – rede de dados distribuída que permite o rastreamento das informações em blocos-, facilita a condução dos processos de reciclagem, armazenando dados que não podem ser violados.
A cadeia de produção de papel para embalagens, por exemplo, que utiliza material reciclado pós-consumo, ou reaproveitado, viu na tecnologia blockchain uma rede segura para rastrear e validar seus processos.
A fabricante de papel cartão Papirus, que produz 100 mil toneladas por ano, adotou o sistema fornecido pela Pólen, que identifica a origem dos materiais recebidos das cooperativas e de outras fontes.
A rede valida o processo e gera créditos de reciclagem, que são transferidos para os fabricantes de grandes marcas de consumo (“brand owners”) atestando seu compromisso com a sustentabilidade e a destinação correta das embalagens segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), explica Amando Varella, diretor comercial e de marketing da Papirus que atua na captação das embalagens pós-consumo junto às cooperativas.
O crédito de reciclagem é semelhante ao do carbono. Cada quilo de apara de papel pós-consumo gera um crédito que pode ser adquirido pelas grandes marcas para comprovarem sua adequação à meta de reciclar 22% das embalagens conforme a PNRS, ressalta Christian Króes, gerente de desenvolvimento de produtos da Papirus.
Os créditos são certificados por meio do blockchain, garantindo transparência e segurança para as marcas e consumidores quanto à sustentabilidade dos produtos, completa Renato Paquet, diretor executivo da Pólen. As embalagens que passaram por esse processo ganham um QR code que permite o acompanhamento da origem e o ciclo da produção.
A lbema, outra fabricante de papel para embalagens, é parceira da Green Mining, que opera uma rede de logística reversa em blockchain. O sistema identifica os locais de maior geração de resíduos pós-consumo, sejam eles bares, restaurantes, lojas ou condomínios.
A rede é alimentada com informações, em tempo real, de cada etapa do processo, como data e local da coleta do papel cartão, quantos quilos foram retirados e a garantia que o material chegou para a lbema.
Um coletor da Green Mining recebe um mapa roteirizado de onde deve buscar as embalagens já separadas por tipo de material: eles vão até os locais com triciclos para evitar a emissão de gás carbônico.
Chegando no estabelecimento, é feita a pesagem dos resíduos que são registrados no sistema com um smartphone. Neste momento é gerado um documento digital com todas as informações sobre aquela coleta, registradas automaticamente na rede blockchain.
De lá, o coletor segue com o material para uma das centrais de recebimento e é informado para qual hub o material foi levado e, posteriormente, o transportador que leva a carga para usina de reciclagem valida a quantidade recolhida.
Quando o papel cartão chega à lbema o recebimento é validado, fechando o ciclo, explica Rodrigo Oliveira, presidente da Green Mining. Segundo Diego Gracia, gerente de estratégia e marketing da lbema, a empresa teve um crescimento de 47% na venda do cartão com material pós-consumo no período de 2020 e 2021, com o aumento do interesse das empresas em apoiarem a sustentabilidade.
As redes de varejo também viram no blockchain uma forma de comprovar que estão conformes à PNRS. Seguindo a matriz europeia, o Carrefour aderiu à rede em 2019 para obter maior controle de qualidade dos produtos. “No momento, o foco são frutas e verduras, mas nosso objetivo é expandir para mais de 100 linhas de produtos, em vários países, até o final de 2022”, afirma Lucio Vicente, diretor de sustentabilidade do Grupo Carrefour. O QR Code nas frutas e verduras vendidas nas lojas do Estado de São Paulo fornecem informações sobre histórico de produção e transporte, origem, safra, data de coleta, de processamento e chegada às gôndolas.
Um consórcio que une a Basf, Natura, Henkel, Braskem, Bomix, Triciclos, Wise e Recicleiros lançou a reciChain, rede blockchain voltada principalmente para a reciclagem do plástico.
Os participantes vão monitorar a gestão social das unidades de triagem e checar a capacidade nominal e produzida dos materiais recicláveis pós-consumo, explica Rafael Virias, gerente da Fundação Espaço Eco, que coordena a implantação do projeto.
Revista EmbalagemMarca, setembro, 2021
A NoMoo, foodtech do segmento plant-based especializada na produção de queijos à base de castanha de caju, remodelou o sistema de embalagem de duas linhas de produtos. O projeto foi desenvolvido dentro do programa End user do VitaInspira da Papirus, em parceria com a consultoria SIDE (Sistema Integrado da Diversidade de Embalagens), desde a criação do conceito até a especificação técnica do papel cartão.
“Escolhemos trabalhar com a Papirus e a SIDE, pelas vantagens oferecidas pelo programa End user, que traz soluções em embalagens personalizadas para cada produto. Conseguimos chegar a um resultado final que traz praticidade para o consumidor e para a linha de produção, além do design funcional que tem afinidade com a proposta da marca”, explica Marcelo Doin, fundador e CEO da NoMoo .
Para a linha de queijos muçarela, o desafio foi substituir um modelo de embalagem aberta, que demandava muito tempo de montagem e era laminada, ou seja, contava com uma camada plástica. “A embalagem era difícil de montar e criava um gargalo na produção”, lembra Doin.
A solução, então, foi desenvolver uma embalagem de fundo automático, que pode ser armada com um movimento. As equipes da Papirus e da SIDE enxergaram ainda a oportunidade de reduzir a gramatura do cartão e eliminar o plástico. “Para isso, o Vitafreezer Resin, da linha Vita, foi a solução ideal, pois substituiu o plástico por uma resina reciclável e biodegradável, e proporcionou ganhos de produtividade na gráfica e menor consumo de papel cartão”, conta Marco Chasles, gerente Comercial da Papirus.
Já a embalagem da linha de queijo tipo chévre passou por uma transformação ainda maior com a utilização do Vitafreezer Resin. O copinho plástico que embalava o produto foi substituído por uma embalagem toda feita em cartão, também com fundo automático. “O nosso produto tem um conceito muito definido e a intenção era que as embalagens, além de bonitas, pudessem traduzir esse conceito. A Papirus conseguiu cumprir esse papel e agregou sustentabilidade e um alto padrão de qualidade ao nosso produto”, conta Nathália Pires, Head de Marketing e Inovação e sócia fundadora da NoMoo.
Com as novas embalagens, Nathália calcula uma economia de tempo para o envase de cerca de 33%. Ela diz também que a redução do uso do plástico no processo produtivo ajudará no cumprimento das metas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). “A sustentabilidade é uma bandeira muito importante para a NoMoo, e o papel cartão utilizado nas embalagens está em sintonia com as nossas políticas ambientais. Estamos muito felizes com essa parceria!”, afirma.
O programa End user do VitaInspira Papirus realiza todo o estudo do sistema de embalagem do cliente e avalia as necessidades dos consumidores, auxiliando as empresas a desenvolverem a embalagem ideal para cada produto, com base nas últimas tendências e inovações. “Nossa experiência nos permite oferecer um serviço completo. Muito mais do que uma relação de fornecedor e cliente, oferecemos uma parceria de negócios, com soluções e serviços diferenciados”, conclui Marco Chasles.
Jornal Valor Econômico, 1o de setembro, 2021
*Stella Fontes
Uma das grandes fabricantes de papel cartão do país, a Papirus avançou em seu plano de expansão de R$ 30 milhões, e segue operando a plena capacidade. A forte demanda de embalagens em papel, vista desde meados do ano passado, não arrefeceu e a empresa prevê crescimento de 5% nas vendas em 2021, para cerca de 100 mil toneladas.
“Estamos entregando o que temos de capacidade”, diz o diretor comercial e de marketing e co-CEO Amando Varella. A Papirus está investindo na modernização e ampliação da fábrica de Limeira (SP), cuja capacidade subirá a 125 mil toneladas anuais em 2022, frente a 100 mil toneladas antes do projeto. No início de julho, concluiu a maior etapa do plano, que elevou a 110 mil toneladas a capacidade.
Diante do momento positivo do mercado, conta o diretor industrial eco-CEO Antônio Pupim, a Papirus acabou postergando por cerca de cinco meses a execução dessa etapa, que demandou a parada da operação industrial. Esse adiamento, por outro lado, permitiu que mais intervenções fossem realizadas, resultando em aumento de capacidade produtiva que só ocorreria mais adiante.
A produção adicional estará disponível já no segundo semestre, momento do ano que é sazonalmente mais forte para as vendas de cartões. Conforme Varella, a previsão é de vendas em volume de 8% a 10% maiores no período, frente aos seis primeiros meses do ano.
Em nove dias, a Papirus executou cerca de 700 intervenções em diferentes pontos da fábrica e concluiu o processo de troca da bobinadeira antiga por uma nova e automatizada. Com o aumento da capacidade de geração de vapor para secagem do cartão, a velocidade que pode ser atingida no processo produtivo subiu de 450 metros para 500 metros por minuto.
A área de movimentação e armazenagem de produtos acabados foi ampliada, para 4,4 mil metros quadrados, já pronta para o tamanho da fábrica pós-expansão. Nessa etapa, foram desembolsados R$ 11,4 milhões, dos quais R$ 9 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo Rubens Martins, diretor de recursos humanos e financeiro eco-CEO da Papirus, 150 prestadores de serviço foram envolvidos na parada e o fato de ela ocorrer em um momento de pandemia impôs desafios adicionais. “Por causa da pandemia, tivemos de montar novas estruturas para garantir a segurança de todos”, afirma. Como resultado, não houve registro de casos de covid-19 entre funcionários ou terceirizados nesse período.